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AUGUSTO E O LOURO

 
Tags:  amor    BURRO  
 

Uma família de pequenos agricultores, tinham algumas vinhas e um burro.
As vinhas tratadas com amor não somente porque elas lhes pertencem, mas a família para viver delas dependiam.

O chefe de família, homem bom, de bom caracter mal grado a sua falta de cultura, pelo menos um pouco limitada, gostava de ler e tinha em casa um número enorme de livros, mais de uma centena.

Nesse tempo já um pouco longe, a televisão e a rádio ainda não existiam, a rádio já existia mas nem todos podiam usufruir desse jóia para a época, uns por falta de dinheiro e outros, porque a electricidade não chegava a todo o lado e sendo assim estes agricultores nada disso tinham.
No fim de um dia de árduo trabalho, depois de ter tomado o seu banho, iam jantar. Ele passava horas a ler até bastante tarde.
Como ele não tinha possibilidades financeiras, comprar livros não o podia
fazer, novos, nunca comprava só alguns em segunda mão que eram muito mais baratos nas feiras.
Ele já tinha lido e relido todos os livros que ele possuía. Como fazer para conseguir ter outros livros? Ele começou a reflectir para encontrar uma ideia e encontrou uma ideia luminosa.
-Eu, disse ele para com os seus botões, tenho um burro e ele não pode somente servir para ir levar o trigo ao moinho e trazer a farinha, ele pode muito bem fazer outras coisas.
Como ele, o camponês, era um homem bom, nunca por nunca ser fez mal a um animal.
Ele tinha cães, gatos, ele os acariciava, ele falava com eles tal e qual como o fazia com o burro.

O burro, um animal de cor castanha, muito dócil, chamava-se Louro, mas como um verdadeiro burro que se preza, era teimoso mal grado a sua gentileza, teimoso como não havia dois, mas o proprietário era muito paciente para com o Louro, aliás, como ele era gentil com as pessoas.

-Ó Augusto, não deixes o burro fazer tudo o que ele quer, bate-lhe com o chicote no traseiro, dizia a sua esposa. Tu deixas fazer tudo o que ele quer e um destes dias tu vais ter problemas, sou eu quem te o diz!
-Mas não, mulher... os animais são como as pessoas, existem das boas e das más e as más, não é por as bater que as fazemos entrar no bom caminho.
Em verdade, Augusto, falava constantemente às orelhas do Louro, mas o Louro olhava sempre de lado; fala, fala, eu faço o que eu quero e como quero, não és tu que vais agora me dar de lições e juntando o pensamento ao seu caractere, uma parelha de coices de seguida, fazendo de maneira a não atingir Augusto, sempre que ele recebia uma ordem, zás, uma parelha de coices.
Augusto fazia o possível por o compreender, no fim também há pessoas como o burro.
A ideia que Augusto tinha na cabeça, era uma boa ideia.
Ele pensou que poderia muito bem carregar o Louro de livros divididos em partes iguais e ir ao domingo à feira da vila, seja para os vender ou porque não, os trocar

O domingo chegou. Augusto preparou uma certa quantidade, meteu-os em sacos e hop, tudo sobre o dorso do Louro.
O Louro não apreciou a manobra e fazia umas caretas impossíveis.
-Que vão as pessoas dizer, pensava o Louro, quando elas vão ver um burro carregado de livros!? Eu não estou aqui para isto, eu estou aqui para trabalhar no campo, isto não me agrada nada.
Mas depois de algumas palavras amigas do Augusto, ele aceitou contra a sua vontade e depois de como de costume, aplicar uma parelha de coices, ele lá meteu as patas a caminho.
Antes de chegar à vila, Augusto e o Louro, cruzaram-se com um grupo de jovens amigos que vinham da feira.
-Bom dia Augusto!
-Bom dia os amigos!
-Ela é boa, tu carregas-te o teu burro de livros?, Ahhhh, até parece um doutor, o teu burro, ou mesmo um escritor ahahah
E as risadas se seguiram em boa caminhada.
Mas o Louro não gostou mesmo nada da brincadeira e arrancou a correr, coices para aqui, coices para lá e de repente ele caiu numa ravina e quando Augusto e os seus amigos chegaram, Louro tinha já dado o seu último suspiro.
Carregado como ele estava, os sacos cobriram-lhe a cabeça e ele morreu asfixiado.
Augusto chorava por ter perdido o seu melhor amigo, os seus amigos tentaram de lhe dar coragem para suportar esse momento, essa dor, mas o mal estava feito.
Um dos jovens que se considerava inteligente, divertia-se com a situação e disse:
-Com certeza, tu levas um burro logo pela manhã à feira carregado de livros e o resultado está à vista, um burro escritor.... ahahahah morreu!
Augusto, homem simples mas mais inteligente do que o jovem. disse:
-Tu, se tu fosse menos burro do que ele, tu não falarias dessa maneira de um animal que durante toda a sua vida me ajudou no meu trabalho. Não rias! Tu não conheces o teu futuro e quem sabe? Talvez que tu não terás uma vida tão importante por toda a tua família que o Louro teve para mim e para a minha esposa
Augusto chorava agarrado ao pescoço do Louro, o seu maior e melhor amigo nos melhores e piores momentos.
FIM

A. da fonseca






SOU COMO SOU E NÃO COMO OS OUTROS QUEIRAM QUE EU SEJA

Sociedade Portuguesa de Autores a Lisboa
AUTOR Nº 16430
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Autor
Alberto da fonseca
 
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