Poemas -> Introspecção : 

EU E MEUS OUTROS EUS

 
Meus «eus», quando diversos,
de sonharem-se são dispersos,
dizem «sim» e «não» os loucos,
fúteis eruditos, como poucos.

Já que por vezes são irascíveis,
não há no mundo impossíveis,
e parto espelhos, e cinzeiros,
gatos pretos, miles reposteiros.

E este meu ser, sempre febril,
dá-se mal, com os ares de Abril,
em que o pólen serena no ar,
diria: só e só para me contrariar.

Sou um em muitos a me pensar,
duplo ser, que preferiria sonhar,
aí, debaixo dessa árvore carnuda,
e que, minha boca, fosse já muda.

Mas, que faço eu, com a poesia?
Ao poeta, sua Sorte não lhe fugia,
mesmo que quisesse outra coisa
ser, no seu dia: ele já é essa coisa.

Então retomo com os meus Entes,
todos eles em si muito diferentes,
personalidades fortes, ou frágeis,
cabe a mim moldá-los: as imagens.

Sempre um verso, que escrever,
na esperança que outros o vão ler,
e quer gostem ou não gostem nada,
deixem sinal da sua breve passada.

Não! Não me dêem vinho, a beber!
Quero estar lúcido, ao escrever!
Que do passado, que foi tão só meu,
a muitos, pai e mãe, entristeceu.

Este é o Fado de um poeta, versar
sem parar, a nos seus leitores pensar,
como se fosse para si o que rima
na folha, quando este, enfim, se atina.

Jorge Humberto
19/01/11


 
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jorgehumberto
 
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Enviado por Tópico
Transversal
Publicado: 19/01/2011 20:11  Atualizado: 19/01/2011 20:11
Membro de honra
Usuário desde: 02/01/2011
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 Re: EU E MEUS OUTROS EUS
o eu.....o outro.......empurram se....empurrar-se-ão sempre...."não há no mundo impossíveis"..."o fado de um poeta"... "que outros o vão ler"...há poetas que detestam ser lidos........ revelando a alma....
Gostei do "Eu e meus outros eus"

Abraço te