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O reencontro dos compadres

 
O reencontro dos compadres


Era uma terra no norte do país de Portugal bastante atribulada, passagem para os caminhos de Santiago de Compostela, tinha uma única pensão, único ferreiro e uma grande família a gerir tudo isso.
Bem era tradição há muitos anos passados os pais casar suas filhas sem se importar se ela consentia e gostava do noivo. Teresa de Jesus não foi exceção a regra e foi casada com 14 anos com um viúvo já velhote com 40 anos e com três filhas que ficaram com os avôs maternos a viver.
Cedo ela aprendeu que a vida é tenebrosa e filhos atrás de filhos, mas o Sr Joaquim homem alto, com aquele bigode que lhe dava estatuto e vaidade, era um homem bastante querido na terra e respeitado. Teresa de Jesus trabalhava de manha á noite sem parar, alem da montanha de filhos uns atrás dos outros, ela cuidava da cozinha, orientava as criadas e ainda arranjava tempo para ir à igreja.
Entre correrias e as e asneiras os filhos, que aprontavam muito na pensão com os hospedes, era o João, o mais tratante e o gênio da família, às vezes a Dona Teresa fazia a compota a tarde toda para os hospedes e ele conseguia a tirar e deixar somente a película para enganar.
Outras vezes vinham os enchidos que ali era o chamariz da terra, o celebre presunto caseiro, o salpicão e as chouriças de carne e sangue, feitas pelo lavrador com porcos criados no campo. Era bonito ver aquela cozinha com tudo aquilo exposto e o armazém bem mais fresco com a maior parte
.Bom o João conseguia proezas que nem os irmãos tinham sequer atrevimento até de pensar quanto mais que fazer. Cedo da noite ele ia sorrateiramente ao armazém e pulando e escalando logo ele estava pendurado nas traves altas e a cortar mais um petisco para a noite para comer. Outra ia a cozinha abrir aquelas latas e tirar salpicão ou chouriças e escondido levava álcool com o parto de barro para assar as chouriças.
Um dia o compadre do Joaquim decidiu ir passar uma semana ao norte com o seu compadre, era de vila nova de Ourém, homem rico e com muitas terras, com seu novo automóvel quis mostrar ao seu compadre que ainda somente tinha carruagens para viajarem e levarem outras pessoas que assim o pediam.
Chegou o dia e os meninos estavam ansiosos, pois eles se lembram da feiosa Aurora, de rosto grosso, olhos estrábicos e nariz, grosso, sempre mal vestida se é que nela alguma coisa ficava bem.
Escutaram os apitos, o carro já tinha chegado, o Joaquim estava com aquele avental grosso de ter estado a ferrar uma égua. Sorridente larga tudo e vem receber seu compadre e sua família. Entre pensamentos ele olhou para sua afilhada e agradeceu, a Deus, as lindas filhas que lhe foi dado que foram três, rapazes foram cinco mas um morreu com oito anos de uma doença estranha e não conhecida.
Aurora era mesmo sem graça que os rapazes logo viraram as costas a resmungar, dizendo:
- Porra irmãos parece que o tempo não ajudou só piorou ela consegue estar mais feia que nunca.
Desataram a rir num bom rir, todos escutaram o pai os chamarem.
- Oh! Ra pazes então onde esta a vossa educação as malas do compadre quem as levas?
Voltaram e carregaram as malas entre piadas e muito riso.
Abraços entre os compadres e logo foram para a grande sala de jantar onde estava uma mesa farta com iguarias do norte dignas de um rei.
Escutou o Compadre José falar ao seu pai que elas estavam mulheres casadoiras e que eram lindas moças, estavam já muito bem formadas e de uma educação esmerada. A Emilia foi contar às irmãs que logo já poderia falar do seu namorado e de querer casar as escondidas, elas encolheram os ombros resignados às ordens do seu pai.
Cansadas Dona Teresa de Jesus e sua comadre subiram aos aposentos do andar de cima recolhendo aos seus quartos.
Estava um silencio na pensão, o compadre quis contar as suas novidades ao seu querido amigo e também desabafar coisas que ele não fazia com ninguém. Lendo a mente do seu compadre o Joaquim pergunta:
- Então meu amigo como vai a sua vida?
Pensativo ele desabafa com seu compadre.
- Compadre eu comprei este automóvel e não quer saber que ele avaria na estrada e queimasse os pastões e eu ali fiquei por horas ate alguém me ajudar.
O Joaquim pensativo pergunta:
- Oh! Compadre mas pastões? Que raio é isso?
Olhando meio perdido ele responde:
- Sei lá compadre só sei que aquela coisa teve que ser rebocado e quiseram até me convencer que o automóvel tinha velas dentro dele. Melhor era a minha égua pode crer que nunca deixou ficar mal.. Coisas da modernidade.
O Joaquim entre risos ele queria explicar que avariaram os pistões do automóvel mas permaneceu calado.
Entretido a mexer na lenha da lareira e ainda pensativo ele desabafa.
- Compadre quer mesmo saber? Estou muito triste com a sua afilhada.
Estranhando o Joaquim pergunta:
- Por quê? Que lhe aconteceu a ela?
O compadre José explica de uma forma simples e rude.
- Ora compadre! Não quer o compadre saber que a Aurora namorou meses a fio com um paneleiro e agora me quer casar com um azeiteiro? Pode uma coisa destas?
Segurando o riso e tentando mostrar alguma seriedade, ele mantém serio e pergunta mas que conversa era essa.
Vendo a duvida no rosto o compadre passa a explicar;
O compadre calmo passa a explicar:
- É que ela namorou, com um fabricante de panelas durante meses a fio e era feio como o raio, depois conheceu numa festa em Fátima o Azeiteiro e agora quer casar com ele.
Mas compadre o paneleiro era bem mais rico que o azeiteiro e que eu faço agora?
Sem responde e engolindo o riso, levanta e dá uma boa noite ao compadre. Logo que alcança as escadas desata a bom rir.
Ria e murmurava olha só que final de dia, só o compadre para me fazer rir tanto.






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Betimartins
 
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