Poemas : 

a saga dum quarqué do interiô di quarqué lugá

 
ocê atente qui eu era parente
duns coiso rato e uns coiso gente
tudo morando nu mêmo lugá
vivia largado no isculacho
feito rabo de lagartixa
prendendo us pêlo das barbicha
nos carrapicho das pranta
quando eu ia carpiná
aqueles serviço chato
que me intimava
o marvado do
seu honorato,
capataz daquele lugá...
e ai de mim se num
fizesse rápido
as carpidura de tudo as terra
que se tinha prá despois ará...
seu honorato
remetia dum só raio
curiscano as bota no mato
só pra me tascá uns pé douvido
e dizer entre os grito e os zumbido
qui num tava lá preu forgá
qui o que era meu tava guardado
na casca grossa do seu sapato
que ia sartá do chão prá me acertá
bem nos meio das bola do saco
que ele mêmo ia istorá...
eu qui tenho nadica de atrivido
disvortei prás lida da terra
iguar uns tatu dus mais intritido
a cavocá e recavocá...
mas num é qui esse sol desmilinguido
de tão forte, de tão ardido
me fez euzinho perdê cos sentido
dum jeito deu nunca mais vortá?
agora tô aqui, tudo rebentado e fudido
mortinho da silva, de intêro rendido
sem mais nada a me arribá...
pois tô por cá despencado cos pé junto,
cos braço unido de defunto
se bem que sem honorato
ou moita prá cavucá...
aqui tô longe di trabaio, di enxada
di quarqué ferramenta nas costa
qui encoste prá me machucá
arre égua qui nessa vida de merda
chegou a hora certa deu
desta fia da puta de lida finarmenti descansá...
e óia que vô sem velório, sem choro e sem guerra
coberto duns quase sete parmo de terra
bem nos fundinho do meu quintá!


Fungos Astrais

 
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FungosAstrais
 
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Enviado por Tópico
luisroggia
Publicado: 18/02/2011 23:00  Atualizado: 18/02/2011 23:00
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Usuário desde: 12/01/2011
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Mensagens: 2639
 Re: a saga dum quarqué do interiô di quarqué lugá
Olá poeta.
Um belo poema no linguajar típico "caipira".
Versos preciso.
Abraço.


Enviado por Tópico
Tânia Mara Camargo
Publicado: 18/02/2011 23:14  Atualizado: 18/02/2011 23:14
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Usuário desde: 11/09/2007
Localidade:
Mensagens: 4246
 Re: a saga dum quarqué do interiô di quarqué lugá
prazê sô, a sinhá mariquinha passo
pra morde ti visitá,
i óia num morre não,
cê pode inté vivê,
vo faze reza pro cê,

inté intão