Poemas : 

Sonho Gótico

 
A calma parisiense daquela manhã! Inesquecível! Sonhei com aquele momento durante anos! Vivi-o intensamente nos meus sonhos. Arrastei a minha vida atrás desse sonho. Semi-inconsciente levantei-me do meu leito pela última vez e saí de casa...
Caminhei pelos bosques, arrastando majestosamente o meu vestido pelas folhagens soltas, caídas mortas no chão. Junto ao rio estava alguém. Olhei, curiosa para o estranho vulto que mirava o reflexo naquela estranha manhã gótica. Envergava uma capa negra que lhe cobria a cara. Virou-se.
Era um homem jovem, cabelos castanhos, olhos vermelhos, lábios de sangue. Pele mórbidamente efeitada e o cabelo jurgia apanhado no meio daquela calma. Nunca vi tão penetrante olhar.
Senti a tentação no corpo e a paixão na alma. Estava apaixonada...
Quanto ele tentou lançar os seus lábios aos meus eu fugi! Corri, escapei. Nunca mais iria fazer aquilo! No meu palácio adormecido parti o meu espelho e cortei os pulsos. Atirei-me ao rio e desde então o Seine nunca mais voltou a ser azul. Tornou-se o rio da paixão. O meu corpo flutuou para longe e nunca mais fui vista.
De repente, acordei e notei que estavas ao meu lado.


Pedro Carregal

 
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PedritoDomus
 
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