Crónicas : 

Divagações de uma mente inquieta

 
O tempo tem de parar! Ainda não li esse livro que anda para lá perdido na casa da minha mãe, um dia vou buscá-lo para dar uma vista de olhos.
O tempo deve parar, por vezes, devia ser possível que o tempo nos congelasse, para que pudéssemos pensar e reflectir em todo o mundo que nos rodeia, em todas as relações, em todas as decisões, em todos os desafios.
Não sei o que fazer, nem quando, nem como, sei apenas que tenho de responder, o mundo exige sempre uma reacção, uma resposta.
É engraçado como em vinte e oito anos de vida ainda seja possível eu questionar-me sobre dilemas tão básicos da existência do ser humano. Então mas afinal, qual é a relação do passado da nossa vida com o presente que enfrentamos todos os dias??Não deixa de ser curioso, como está tão simplificadamente definido na psicologia empírica do cérebro humano, que o passado e todas as nossas experiências passadas, são exactamente o alimento necessário ao nascimento e fortalecimento da nossa resiliência para lidar com o futuro. Tudo parece por vezes tão simples de resolver, mas como será possível que o mesmo cérebro humano complique o que já está escrito e simplificado!? Existem porém, nesta nossa vida e neste mesmo mundo, outros valores que insistem em interromper o percurso eléctrico de cada neurónio dentro do nosso pequeno cérebro. Valores como a esperança, a credibilidade, a energia inesgotável de recursos mentais que nos fazem acreditar que um dia, mesmo que não possamos saber nem onde nem quando, tudo vai mudar e o mundo vai finalmente começar a girar no sentido correcto, aliás... no mesmo sentido que o nosso.
Não será de todo um sentimento totalmente irracional e egoísta, pensar que podemos fazer girar o mundo dos outros? Acho que sim, e acredito que sim. Os ditadores do mundo, apesar de pragmáticos ou sentimentais, foram sempre ditadores, foram e serão sempre recordados por todos como cérebros ávidos de poder e de excesso de necessidade de controlar tudo, todos, e se possível o mundo. Não teriam esses cérebros ditatoriais um terrível receio de não conseguir controlar o seu próprio cérebro, e daí todas as suas decisões e reacções perante o mundo!? Parece-me que sim. Parece-me que a total falta de liberdade que lhes foi oferecida e a igualmente total falta de confiança que lhes foi incutida, terá sido a principal razão para um dia, utopicamente, acreditarem que um dia poderiam controlar o que quer que fosse. Pois parece-me que assim foi, e apesar de a palavra justiça fazer parte do vocabulário global de toda a humanidade, nem sempre parece ser um vocábulo com o peso necessário no cérebro humano para que esteja presente nas reacções e decisões diárias desse mesmo ser humano.
Não me parece francamente, que desta vez esteja a complicar, aliás, pelo contrário... parece-me que a palavra justiça implica sempre um consentimento formal ou informal que seja aceite por mais do que uma pessoa. Só não sei onde é que se situa a barreira que divide o conceito de justiça para mim do mesmo conceito para outra pessoa... e onde é que este conceito de justiça se confronta com a palavra liberdade?? Acho que também não sei...
Tenho apenas a simples ideia, de que uma vida que deixa de ser solitária e passa a ser partilhada tem de incluir todos estes conceitos, criando assim o grande bolo necessário à alimentação diária da vida de um casal, o bolo da harmonia. Parece-me que está implícito na palavra harmonia o equilíbrio de toda uma série de conceitos que poderão ser ou estar presentes em doses diferentes em cada pessoa, mas para que a coabitação e o convívio diário seja prazeroso , essas doses de conceitos apesar de diferentes devem estar em equilíbrio... estarei errada, ou simplesmente o meu pequeno cérebro reflecte demasiado sobre um conceito com múltiplas interpretações, o de "mundo cor-de-rosa"!
Estará este bolo de harmonia implícito no conceito de amor. Continuamos a saber, à medida que o tempo passa, que este mesmo tempo não pára, o que não nos permite por vezes reflectir o tempo suficiente para tomarmos uma melhor decisão, ou simplificar uma determinada reflexão. Será o tempo o melhor amigo do amor?? Não poderá também este curto e sempre injusto tempo ser o suficiente para nos iludir com conceitos como esperança, confiança, justiça ou falta dela, e harmonia??!? Parece-me que nem sempre o tempo é amigo do amor...
Acredito que este mesmo tempo que parece sempre curto e injusto, por vezes é rico o suficiente para nos fazer reflectir sobre todos os conceitos e clarificar as suas definições, adaptá-las ao nosso próprio cérebro para criar e fortalecer uma maior e melhor resiliência para lidar com o futuro... para que nos ajude a defender e para não fortalecer a ideia errada de podermos vir a ser ou a desenvolver um cérebro ditatorial que seja injusto para com todos os outros.


Nota: Este texto não é da minha autoria. Trata-se de uma reflexão feita por uma amiga e colega de trabalho sobre o seu próprio conceito de inteligência quando confrontado com as adversidades da vida.
É hoje aqui publicado com o seu total consentimento.


*... vivo na renovação dos sentidos, junto da antiguidade das lembranças, em frente das emoções...»

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cleo
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Enviado por Tópico
Trilho-do-Pensamento
Publicado: 23/02/2011 17:35  Atualizado: 23/02/2011 17:35
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 Re: Divagações de uma mente inquieta
Gostei de ler o texto mas para mim, toda inteligência está no facto de reflectirmos em vez de apenas agirmos e repara bem nas palavras

Refle irmos
Ag irmos

Ao reflectirmos nossas acções aumentamos nossas habilidades para agirmos melhor numa próxima oportunidade.

Cumprimentos