Poemas : 

Ainda Respiro

 
Cuspiram-me na cara até ficarem sem saliva.
Bateram-me mas os hematomas desapareceram.
Fecharam-me todas as portas até ficar sem saída.
Queimaram-me como uma vela de cera.

Fizeram-me a vida negra que nem um escravo.
Rasteira após rasteira, aprendi a levantar-me.
Deixei de ser tenro, tornei-me bravo.
Preso na lama, continuei a movimentar-me.

Quando estás no fundo do poço
só podes olhar para cima.
Ninguém olha pelos outros,
todos lutam por si.

Eles têm tudo mas não valem nada.
Deles não tenho ciúmes, nem inveja, nem medo.
Fizeram da minha vida um inferno, uma existência danada.
Atiraram-me as culpas, apontaram-me o dedo.

Somaram as pontas, diminuíram-me, multiplicaram os preconceitos
e acharam que as minhas intenções eram calculadas.
Os meus modos não foram aceites.
Sujaram-me o nome mas a consciência ficou imaculada.

 
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Minhoto
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