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Da Reflexão, Tempo II (Cleto de Assis)

 
Destinos não exigem rotas precisas
e súbitos ventos causam desvios,
naufrágios, descobertas inesperadas,
encontro de ilhas remotas e desabitadas.

Quem saberá a distância
entre o benquerer e o sem querer?
Quem poderá medir o certo e o errado
nas escolhas e nos escolhos?

Quem, afinal, determina
esta estranha geometria
traçada sem esquadros ou compassos
a preencher com maestria
todos os tempos e espaços?

Será a memória um mata-borrão da vida
sem direito a correções, a novas direções?
E as dimensões da mancha impressa,
que limites terão elas?
Abrirão novas janelas ou fecharão esta porta?
Ou a incerteza está certa, ou a certeza está morta.

Eis lá no fundo o passado
que não passa. Tudo é vivo.
O tempo ressuscitado
já não é tempo afetivo.
Beijos, abraços, carinhos,
se perderam co’a esperança
de eternizar a lembrança
daqueles belos caminhos.
O soturno Saturno noturno
soube desviar as rotas
e criar novas veredas labirínticas
para o homem taciturno.


Cleto de Assis, poeta, in: Amarras do Tempo, Curitiba, junho de 2010.

 
Autor
AjAraujo
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