Poemas : 

quimera

 
tanta cegueira
em busca da coisa amada
tantas horas
fizeram as amarras da perdição

trilhos sinuosos no prurido da ventania
das mãos abertas
ouço a voz

o crepúsculo nos corta o âmago
nos erectos pêlos da consistência
o teatro de quase todas as vidas
esconde-se a cada anoitecer

mais triste não é o cego mas quem não quer ver
no tormento de tantas insónias

o adormecer anseia
que a bruma não disperse
o sentir de cada sonho

no alcance de cada infinito

as queixas dominam
a insensatez de cada acordar aflito
no crepitar de cada lume

sulcam-se estreitos
onde a prisão de todas as vozes
tonteia
e a quimera de cada incêndio
estabelece o queimar do nosso interior mais profundo


António MR Martins

2011.05.06


António MR Martins
Tem 12 livros editados. O último título "Juízos na noite", colecção Entre Versos, coordenada por Maria Antonieta Oliveira, In-Finita, 2019.
Membro do GPA-Grupo Poético de Aveiro
Sócio n.º 1227 da APE - Associação Portugues...

 
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António MR Martins
 
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