Textos : 

Coisas que se dizem quando talvez não se perceba nada

 
“Eles andenaí!”
Há tripulantes de veículos voadores de forma acabaçada e efeitos psicadélicos que “andenaí”. E a culpa é dos americanos, que têm segredos e mandaram girafas patinadoras, bombas relógio disfarçadas de ursinhos Teddy e regimentos de gatinhos siameses clonados para a Mesopotâmia. Tudo bem misturadinho numa picadora a rodar em prato de gira-discos, que os MCs, com maior ou menor fernesim, gerem num jeito “eminémico” de calças penduradas até se ver a etiqueta dos boxers.
Ninguém sabia! Ah pois, ninguém sabia e o Assange bufou-se. No mundo dos wikis, o tipo lembrou-se de mandar para o ciberespaço (que já é mais que hiper) um sítio para leaks, vulgo urinol. E cheira mal. Fede sem amanhã.
Na vidinha mundana, aquela que é mortal, uns sabem e outros vão sabendo, sem, no fundo, ninguém saber realmente de nada. E o Bin, já foi às virgens?
São verdades insofismáveis feitas de meias verdades permitidas e abertas em catadupa nas vírgulas dos tablóides. Pequenos excertos que dizem que descobrem pontas presas a brutas raízes escondidas. E elas, as raízes? Continuam escondidas e a crescer, não é?
No fim morre tudo contrariado em estanques casamatas de gás. Não, não é que não haja suspeita mas, lá está, até prova feita, não há culpados e, havendo, é quase sempre o tipo que se descuidou e bufou para o lado errado do ventro. Assim culpa-se o descobridor, o tipo que esgravata a merda e faz barulho com o megafone. Que se mate, que lhe risquem o couro forte e feio até se lhe acabarem as pilhas.
Já morri? Se calhar já e não sei.
Já morreram todos? Se calhar já. Morreram todos afogados nos mares do Japão ou, talvez tenham sido triturados em alguma máquina do tempo.
Parece-me que todos devemos tempo à morte. Ou à ausência de vida. Talvez tudo isto não passe de alguma coisa virtual.
As recalcitrantes vozinhas acomodam-se aos noticiários da uma e das oito, como se se refastelassem no sofá ao som e imagem de uma telenovela qualquer e, a seguir, despoletam toda fúria frustrada no coitado do árbitro do jogo de futebol que não acerta uma e prejudica sempre os meus. Coitado do homem que, em martírio, se dispõe a expiar os pecados universais. Ai madre Teresa, madre Teresa... para o que havíamos de estar guardados!
Já morremos? Se calhar já e não sabemos que nunca chegámos a ter hipótese de perceber isso... se calhar a idade da reforma prolonga-se até que ossos estejam consumidos pela bicheza e a morte já não é relevante.
No fim, vamos encontrar Zé Mário inflamado com o FMI no YouTube, o Gel a fazer de conta que a luta é importante no festival da canção, a Manela Moura Guedes aos beijos com o Zé Sócrates e lemos as notícias do nosso mundo no Correio da Manhã.

E discutimos o quê?

O Ronaldo e a Nereida e os frangos do Roberto. Se já morremos não sei mas lá que continuamos a pagar, ai isso continuamos.

Valdevinoxis


A boa convivência não é uma questão de tolerância.


 
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Valdevinoxis
 
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