através destes dedos
a única saída
a janela por onde extravaso
todo o meu ser
onde não existem paredes
e um mundo cor de pétalas
se joga na minha mão.
através destes dedos
respiro finalmente
entre luares de primavera
abandono os meus medos
as minhas vergonhas
e auto-limitações
inventadas
por detrás de armaduras
de titânio
enquanto deslizo no arco-íris
de reflexos da minha imagem
e permaneço aqui
de alma despida
aqui onde não vivem temores
ou auto-estimas que acorrentam
aqui onde eu existo apenas
como um todo
como todos
sem egos
sarcasmos ou arrogâncias
aqui, entre estes dedos
onde as emoções, os choros
a paixão, o ódio
são expelidos
em cada gota de tinta
em cada palavra
o íntimo exterioriza-se
em explosões
ou simplesmente murmúrios
e fica apenas a essência
do nosso resto de humanidade
a paz
--HP
"O espaço onde pertenço está definido algures
Numa palavra que eu ainda não sonhei"