Poemas -> Amor : 

Dizer de nós ...

 
Dizer de mim o instante e o lugar
em que asas
de cambraia e de cetim
deslizaram breves e mudas o teu corpo de luar;

Dizer de ti, palavras nunca ditas
na hidrorreia incendiada,
d’abjectos rios
onde lágrimas são espigas por germinar;

Dizer de mim abismos, alicerces de mar,
desertos liquefeitos,
de anseios,
de enlevos,
de desejos,
justapostos no silêncio do teu peito;

Dizer de ti,
a labareda acesa,
a fome que se esmola
mendiga e prisioneira de si mesma,
o trigo roxo que se abate sobre a mesa …

Dizer de nós, o grito aberto
o plasma erudito da ternura e dos afectos,

… e amar-te na folha que se encerra
em névoas furtivas das pálpebras do teu olhar.


MT.ATENÇÃO:CÓPIAS TOTAIS OU PARCIAIS EM BLOGS OU AFINS SÓ C/AUTORIZAÇÃO EXPRESSA

 
Autor
Mel de Carvalho
 
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Enviado por Tópico
Raul Cordeiro
Publicado: 02/10/2007 13:06  Atualizado: 02/10/2007 13:06
Membro de honra
Usuário desde: 23/07/2007
Localidade:
Mensagens: 598
 Re: Dizer de nós ...
Mais um belo poema. Poema de Outono com a Primavera nas palavras.

Bjs

Raul Cordeiro


Enviado por Tópico
juvepp
Publicado: 02/10/2007 16:13  Atualizado: 02/10/2007 16:14
Colaborador
Usuário desde: 13/04/2007
Localidade: Machico - Madeira
Mensagens: 547
 Re: Dizer de nós ...
Olá Mel,
"Dizer de Nós" será como falar de nós, pôr a conversa em dia, o preto no branco e como magistralmente o consegues, num poema solto, gracioso mas muito fogoso.
A "fome que se esmola" de "si mesma" "mendiga" e "prisioneira", significa estar-se prisioneira de alguém que detém a "labareda", o poder de transformar "o trigo roxo" em espiga única,como sendo "o plasma" culto "da ternura e dos afectos".
Beijinhos