Poemas : 

um livro

 
Beijos mil te encomendam porque numa carta tos envio. E eu queria dar-tos. Não escrevê-los ou remetê-los num embrulho.
Que mais parece uma contenda, cada noite fria! Mais escura fica! Pesado me trago num ósculo ardente! Benditas sejas amor dos meus amores, além de ti tenho a escrita! Mas tremo ao escrever-te! Faltam sentimentos nas linhas que te endereço!
Ainda que longe, minha querida, (e nunca esquecida! No tudo que faço! No todo do meu espaço!) do mundo assolado, da desolação, da desilusão cravada nos muros da minha habitação. Qual musgos centenários! Petrificados e estendidos sem consolação! Seria como seiva saindo das pedras da casa se à humanidade tal fosse desconhecido!
Próxima e intima forma de escrever, desconhecido e maravilhoso!
Caminho aleatoriamente nos labirintos das ruelas! Oiço o galo dizer-me, para sair do labirinto: parte o coração! Procuro um sótão ou uma cave, uma saída ate ao mundo de lá! Tenho saudades! Só me apetece sair, ora a trovejar, ora noite dentro! Mais recorro ao tinteiro e percorro milhentas de folhas no meu cansaço, nas duvidas, no sentimento estúpido de me cansar… para não mais voltar ao ponto de partida! Concluir! Para melhor! Ficar um tudo de nada, umas milhas mais próximo! De certo mais leveza sentia! Menos trovoada desejaria.
Não á duas sem três! Da certeza da distância me alimento! Na incerteza da loucura, nem fome tenho!
Os muros são os muros e as definições matemáticas são definições da matemática! E se é bonito dizer: aquele tipo a falar, enfim, por exemplo, é um quadrado! Ou a inteligência de tal tipo não passa de um quarto crescente. Que já são as fases da lua, pode ser sinónimo de boa disposição!
Pensar na distância de um ponto ao outro da terra como um engenho, ou técnica na medição dos sentimentos. É o caos! É o anarquismo a ganhar pernas!
É a loucura da arte! É a procura do seu amor ainda tão distante!
… Continuação!
Contrai por estes dias – dando por penhor o meu fato – uma relíquia num livreiro amigo.
Fala-se entre outros assuntos do contínuo espácio-temporal e da influência futura na escrita! É extraordinário!
O autor começava por resumir toda a existência do homem ao coração! Aos pulmões! Ao fígado! Ao cérebro! Ao estômago! Aos intestinos! Aos rins! E o sangue seria nessa sua visão o que ligava entre razões e argumentos! Teorias e religiões! Guerras! Amores! Secas! Vários cataclismos! Politicas! Saberes! Todos os movimentos, acontecimentos e descobertas da humanidade!
Nessa breve teoria permitia-se dialogar a ideia, de que acontecimentos anteriores se perpetuam, na história de formas diversas e usando contextos diferentes! E que tudo isso a nada adiantou, na evolução do homem! E que somos piores que os macacos! Não podendo deles descender! As nossas macaquices são ordinárias e impróprias à espécie! E de animal os ultrapassamos em tudo!
Mandarei um resumo proximamente e clarificar pormenorizadamente esta teoria. Uma lufada de ar fresco e um bálsamo me ocorreu pensar!
Um brando consentimento do espírito à leitura!
Infantilmente julgado mas genialmente idealizado!
Se pudesse contava-te, dias a fio, ao teu ouvido, esta história bonita que li! Palavra por palavra, ponto por ponto, virgula por virgula, ideia por ideia-te ditava, no calor da tua face daria um romance o mais bíblico dos assuntos! A maioria das conquistas acabasse! O conquistador chegou!
Oi! Oi! Oi!
De comichões estremeci. No olhar da distância que faz entre ti e mim! À esperança eu brindo! No relampejo se entretêm como janelas de paisagens abertas dos jardins senhoriais!

 
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mechirome
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