Crónicas : 

O homem que via além dos olhos III ( O caso de Pedrinho )

 
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Januário não imaginava antes, o quanto serviu de equilíbrio para uma história tão bonita sobre o menino Pedro. Usando de sua paranormalidade, aqui ligada diretamente à mediunidade, serviu de 'aparelho' para um espírito aflito e triste se abrir e finalmente alcançar um pouco de alegria...
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O CASO DE PEDRINHO

Ele era escurinho como a noite, seus dentes muito alvos reluziam...
Ficara órfão muito novo ainda, e teve que se virar prematuramente pelo mundo a fora...
Logo depois da morte de seus pais no rio, (quando uma enchente daquelas subiu o nível, eles se afogaram) ele teve que fugir aconselhado por um vizinho, pois o colocariam em um orfanato. Isso para ele era o mesmo que prisão, e só sairia de lá quando estivesse em idade para cuidar de si mesmo... Era muito tempo, não podia esperar!
Quando saiu do cemitério, passou na pequena casa e pegou uma malinha, colocou suas poucas roupas e algum dinheiro que ele sabia que sua mãezinha havia guardado, antes de sua morte, dentro de um pote, na cozinha...
Foi embora dali, olhando para trás, se despedindo do lugaR.
Ali ele nunca mais voltou.
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Pedro sabia ler, escrever e fazer contas, mas apenas isso, pois quando seus pais morreram, ele deixou de estudar e saiu pelo mundo pedindo carona aqui e ali... Muitas vezes, ia na boleia dos caminhões, em outras, na carroceria junto com as mercadorias que os motoristas transportavam. Assim, ele se virava, conhecendo vários lugares do Brasil, fazendo um servicinho aqui e ali para garantir seu "prato feito"
em alguma pensão de beira de estrada...

Pedro estava sempre triste... Sentia-se solitário, sem ninguém no mundo...
Quando contava 15 anos, Pedro morreu, vítima da meningite que estava no nordeste. Ele teve uma fortíssima dor de cabeça e febre, durante 2 dias, e se foi...
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Pedro abriu os olhos, a cabeça ainda doía! Olhou em volta e pode avistar uma senhora idosa, de seus 65 anos, vindo em sua direção. Ao fundo, uma pequena casa, muito bonitinha, um cachorro e uma cerquinha pintada de branco demarcando o pequeno sítio.
A senhora lhe deu a mão para que levantasse do gramado. Disse então, com muito carinho na voz:
_ Olá, Pedrinho! Estava te esperando, venha comigo para dentro de casa.
Ele meio tonto ainda, obedeceu a senhora apoiando-se no braço dela. O cachorro vinha logo atrás deles...
Ao abrirem a porta, ele foi logo perguntando:
_ Senhora, onde estou? Pensei até que estava morto, pela dor e febre que ando sentindo...
_ De certa forma está, Pedrinho. Pois não pertence mais à Terra... Aqui é o seu novo lar, o que foi designado para você, juntamente comigo e Rex, o cachorro...
_ Mas se estou falecido, porque falo, sinto, ouço, vejo?
_ É a realidade do espírito. Ele não morre, apenas o corpo.

Ele nada disse mais, ficou somente olhando cada detalhe de onde estava. Havia muitas dúvidas em sua cabeça:
Por que não vieram seus pais para lhe acolher? Onde estavam? Por que não escurecia, pois já estava um bom tempo ali, e não vira em nenhum momento, traços de anoitecer... Essas, eram apenas algumas das muitas questões para serem respondidas pela senhora.
Ela leu seus pensamentos, começou então, respondendo a primeira pergunta:
_ Seus pais não vieram Pedrinho, porque há muito tempo já voltaram para a Terra, estão encarnados novamente. Quanto aqui não escurecer, é porque você está num bom plano astral, sofreu seus bocados na Terra, merecia ter um bom local para viver, e só tem escuridão nos planos mais baixos, que são dos espíritos em atraso espiritual: como assassinos, suicidas e outros... Não cabe a ninguém julgar, apenas as forças superiores.
Você se acostuma com o tempo com essa nova vida, olha, pode experimentar coisas que na Terra, preso pela carne, não podia, quer ver?
_ Sim, mostre alguma dessas coisas, senhora.
Ela volitou em sua frente. Pedro ficou de boca aberta, espantado.
_ Isso se chama volitar, Pedro. Como voar, flutuar...
E pegando a mão dele, o levantou do chão, para mostrar que ele podia fazer o mesmo, naquele momento...
_ E como a senhora sabia, o que eu estava pensando antes?
_ Aqui também desenvolvemos a telepatia, Pedro. Além disso, podemos 'plasmar' algumas coisas, para agradar a nossa vida, veja...

Ela plasmou com seu pensamento, um buquê de flores, e deu de presente para Pedro.
Ele ficou encantado!
Com o passar do tempo, foi descobrindo muitas coisas nessa nova realidade, onde estava... Mas de vez em quando, uma triteza lhe batia:
Gostaria de ver mais pessoas, além da senhora e do cachorro Rex... Achava-se muito só, sem ter alguém de sua idade para conversar, jogar uma bola... Certa vez perguntou para sua mentora:
_ Senhora, porque nas 'colônias' tem muitos espíritos, fazendo várias coisas, e aqui somos apenas nós? Porque não saímos daqui para visitar outros lugares desse mundo espiritual?
_ Sabe, Pedrinho, é um pouco complicado te responder... Mas pense assim: Nas colônias estão vários grupos, realizando diversas funções para que foram determinados, como numa grande cidade da Terra, e aqui, é como se estivéssemos no interior desse município, cuidando da nossa vidinha pacata do sítio.
Mas, se quiser ir até a Terra, você terá permissão, quer olhar como o mundo mudou, desde quando você desencarnou?
_ Sim, quero senhora! Pelo menos saio um pouco daqui...
Ele descobriu nas suas andanças de visita, que os médiuns poderiam enviar mensagens ditadas pelos espíritos... Procurou um médium que 'vibrasse' na mesma sintonia que ele, e achou Januário.
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Januário passou a servir de aparelho para Pedrinho. Mas sempre ele vinha muito triste...
Passados meses, a senhora, sua mentora, disse-lhe:
_ Se prepare Pedrinho: Logo passará pela 'câmara do esquecimento', para regressar através da reencarnação, à Terra...
_ Quer dizer que vou finalmente sair daqui? Vou renascer?
_ Sim, vai. Desta vez, será feliz! Pois merece acabar com essa tristeza em que sempre viveu...
Pedrinho usou de seu aparelho Januário, mais uma vez, deixando a mensagem:
_ Estou me despedindo, agradeço muito a acolhida, mas em breve estarei de novo, no mundo dos vivos, vou reencarnar...
Mesmo assim, ele chorou...
Perguntado por um familiar de Januário, por que chorava, ele respondeu:
_ Esse choro agora, é de alegria: Representa o fim da minha tristeza...
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Nunca mais se ouviu falar de Pedrinho, porque ele já havia reencarnado:
Um menino ou menina, que andava agora com sua nova família, em algum cantinho do planeta Terra...

Fátima Abreu
 
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FátimaAbreu
 
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Enviado por Tópico
João Marino Delize
Publicado: 13/09/2011 14:38  Atualizado: 13/09/2011 14:38
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 Re: O homem que via além dos olhos III ( O caso de Pedrin...
Dei uma lida transversal em seu conto. Gostei, mas sou preguiçoso para ler longos textos.

abraços