Será que anda a esperança morta
Perdida pelos tortuosos labirintos?
Acho que anda oculta atrás das portas
Estendendo com afagos a seus amigos
Seus inúmeros braços longos e famintos...
Passeando pelas densas e pálidas brumas
Descobrindo e fazendo morada nos abrigos
Ostentando sua roupagem cheia de plumas
Suas botas colorais e seu chapéu colorido
Se escondendo pelo interior das espumas
Sujas de rua e de pétalas das rosas espinhadas...
Então crio uma ilusória e vã luz dos murmúrios
Decadentes que sufocam os grunhidos, os urros
Dos grilos e o alvoroço do canto da passarada...
Me queimam a pele e o meu espírito inflama...
São lâminas de lágrimas pérolas pelas âmbulas
Que vivem por entre o corpo das nuvens ciganas
Que se movem, se envolvendo de substâncias pastosas
Adentrando as entranhas e vísceras das sombras
Todas de consistências estranhas e andróginas...
Trago minha garrafa carregada de fel e temores
Sonhados do amor contrário embebido em sangue...
Vem ornamentada pelas cores das corolas das flores
Nascidas nos altos jardins das plantas de pele langue
Que inebriam e fazem o ser beber do seu próprio sangue
Enquanto seus olhos são foscas pelas chamas das estrelas
Caídas e trazidas pela mão do deus Zéfiro, deus do vento,
Deixando um louco caído na terra, que astros tocam e beijam
Sem se importarem com o toque fatal da mão do tempo...
Meu Amor,
Queria te pedir desculpa
Pela minha forma bruta
De demostrar minha dor...
É que sofro vendo-te sofrer
Meu coração se compadece
Os olhos pedem para te ver
Meu corpo todo dia te pede...
É que não posso fazer nada:
Mora numa torre, Rapunzel!...
Ah! Se eu tivesse uma escada
Que me levasse até o céu!...
Roubaria do manto as tintas
Azuis e as laranja-vermelho,
Coloriria seu colo de pintas,
Faria arco-íris em teu cabelo...
Te chamaria de minha menina
Entre risos e lágrimas te daria
O nosso primeiro... beijo!
Gyl Ferrys