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quem escreve fá-lo

 
sempre que me apetece escrever esgrimo com a vontade de dizer e calar aquilo que penso tudo dentro da ideia exposta, domestico-me e repugno-me para a ponderação da mão em equilibrio neste exercício. fatalmente, neste caminho deparo-me com escolhas que encaro, enfrento, assumo e que não posso destruir, sob pena de destruir a escrita e a autora. reconheço neste exercício, a maior parte das vezes uma euforia da linguagem, como um narcisismo em que o que o escrito diz se separa da sua função e se olha a si próprio.
ao pensá-la, a escrita está-me suspensa no olhar, como um escândalo por vezes fora do bom senso, da moda ou da organização ideal.
e mesmo que dirigida ao tempo e aos homens, é-me sempre solidão
por isso, para deixar de o ser, dou-a como espectáculo.
será talvez isto, de que se faz a literatura quando a escrita é ela mesma um olhar, um fazer, um assassínio ou ainda uma ausência mas sempre impregnada de uma moral linguística.

 
Autor
RoqueSilveira
 
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Enviado por Tópico
sarcopio
Publicado: 13/02/2016 17:09  Atualizado: 13/02/2016 17:09
Da casa!
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 Re: quem escreve fá-lo
Silêncio pervertido


Palavras não mudam com os séculos
mesmo alterados alguns significados
descrevem as diversas paixões,
indiferentes lábios apaixonados,
pairando nas linhas de amor,
ou contagiosas na perseguição expressa...
Tudo é permitido,
desde a mentira ou bajulação,
um bom combate sempre é bem vindo;
pervertido seria o significado do silêncio.