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À Noite (Hermann Hesse)

 
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À noite, pelos campos,
Lentos passeiam os amantes,
As mulheres soltam seus cabelos,
O dinheiro conferem os comerciantes.

Atemorizados burgueses lêem as novidades
Em seus vespertinos,
As crianças dormem sonhos profundos
Cerrando fortes seus punhos.

Cada qual faz o verdadeiro
Seguindo fiel obrigação
Burguês, amantes e recém-nascidos
E eu próprio, negação?

Que nada! Também tenho minhas manias
Das quais me sinto escravo,
Não me prescindo do espírito mundano
Elas também fazem sentido.

Andando, para cima e para baixo,
Danço em meu íntimo,
Sussurrando bobas cançoes,
Bendigo a mim e Deus,

Bebo vinho e fantasio
Em ser um pachá,
Me preocupo com meus risns,
Sorrio, bebo ainda mais,

Digo sim ao meu coração,
[De manhã isso é impossível],
De antigas amarguras
Teço brincando poesias,

Vejo a lua e as estrelas a girar
Pressentindo seu sentido,
Sinto-me levado por eles
Sem me importar para onde.

Hermann Hesse, escritor e poeta alemão, In: Caminhada, Ed. Record.
 
Autor
AjAraujo
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