O meio da noite
Arrefece-me a secura do palato
Esta dificuldade em engolir desde
que transpus aquela
soleira, derradeira de
mármore da cozinha
(é pois: a da minha cozinha)
Mais, aquelas árvores de
papel-cenário assobiando que
nem carapaus de corrida ao vento
Estão a pedí-las, as sonsas,
por certo estão à espera que lhes
suba ramada acima
(arrancando em ponto
morto, para longe.
Desgraçadas.)
E agora que sinto, vejo fome de
sede do que quer que
seja
decorar um centímetro mais
ao novelo atirado para o
canto interior, da última vez
que aqui estive.
Carrego-o comigo, e pesa-me
dos dois lados
tanto de barriga para cima, enterra-me,
cambaleio, de barriga para baixo,
a ver se passa.
E não passa.
Não.
Não passa, não.
Serei eu a passar.