Crónicas : 

Olhando a vida pelo espelho

 
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A vida nos proporciona momentos indescritíveis, alguns deles, ficam marcados pra sempre na memória.
Acondicionados em uma parte do cérebro, que só afloram, em um caso de extrema necessidade.
Pensando em algumas travessuras de quando eu era criança, relembrei um fato, uma brincadeira que eu gostava de fazer no pequeno jardim da minha casa.
Era um jardim minúsculo, onde eu passava algumas horas do dia, por ser um espaço bem pequeno, era todo acimentado, com vasos de plantas de diversos tamanhos e formas, havia também algumas jardineiras, e uma diversidades de plantas, pequenas árvores que davam flores, algumas trepadeiras, algumas roseiras, hortênsias, antúrios, brincos-de-princesa, e até certa vez, nasceu ali por acaso, um pé de tomates, que deu frutos e que os saboreei, como uma preciosidade.
Como o espaço era acimentado, eu arrumava a minha casinha de boneca, com salinha, quarto e cozinha, pois, eu possuía, sofazinho, mesinha com cadeirinhas, fogãozinho, panelinhas, caminha de boneca, bonecas de vários tipos, tamanhos e muito mais brinquedos divertidíssimos.
Embora, eu tivesses tantos atrativos para ajudar nas brincadeiras, eu gostava muito de brincar com espelho.
Eu apreciava olhar os objetos através do espelho, ver como ficara o cabelo penteado da minha boneca, ver seu vestidinho trocado, seu rostinho, assim, eu podia ver muito melhor.
Era nessa hora que eu realmente conseguia extravasar a minha imaginação, o jardim tão pequenino, se tornava uma imensa floresta, e com o espelho na mão, eu conseguia chegar aonde os meus olhos não conseguiam.
Eu posicionava o espelho de forma que eu alcançasse ver as minúsculas formigas e alguns insetos, que, na grande selva do meu jardim habitavam, conseguia olhar por detrás, de cada flor, e assim ver o que estava escondido ali. E acreditem, era um imenso mundo cheio de vida, onde havia muito trabalho, um vai e vem, uma correria, além dos pássaros que chegavam a todo instante para se alimentarem com as sementinhas, polinizarem as flores, eles eram de famílias diferentes, eram alguns, beija-flores, sabiás laranjeiras, sanhaçus e outros mais.
Os insetos, eram aranhas, cascudos, ponha-mesas, grilos, joaninhas, formigas e tinha um que não recordo o nome, era assim, compridinho, mas, quando eu o pegava e colocava nas mãos ele se fechava e virava apenas uma bolinha.
Lembro, que minha mãe, não gostava dessa estória de brincar com espelhos, ela tinha medo que acidentalmente o espelho quebrasse e eu me machucasse, me advertia, porém, logo depois, eu lá estava com o espelho nas mãos novamente.
As vezes, a brincadeira de observar aquele meu pequeno mundo, demandava de longos minutos, talvez horas, não sei bem, quanto ao tempo, pois eu precisava observar tudo com muita meticulosidade, isso acabava por fim, me fazendo adormecer no chão do jardim.
Quantas descobertas eu fiz, quantos sustos levei, quando alguns inseto, vinha em minha direção, porque, eu assim, pensava que vinha, por causa do espelho que me mostrava algumas imagens invertidas que naquela época eu não sabia.
Assim, eu termino hoje por aqui essa narrativa, porém, darei continuidade numa próxima ocasião.
Como dizia minha avó e muitas outras avós..."quem conta um conto, aumenta um ponto".

Fadinha de Luz


Maria de Fatima Melo (Fadinha de Luz)

 
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MariadeFatima
 
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