Poemas : 

Minifesto

 
ave a raiva desta noite
a baita lasca fúria abrupta
louca besta vaca solta
ruiva luz que contra o dia
tanto e tarde madrugastes

morra a calma desta tarde
morra em ouro
enfim, mais seda
a morte, essa fraude,
quando próspera

viva e morra sobretudo
este dia, metal vil,
surdo, cego e mudo,
nele tudo foi e, se ser foi tudo,
já nem tudo nem sei
se vai saber a primavera
ou se um dia saberei
que nem eu saber nem ser nem era



Paulo Leminski Filho
( 24/08/1944 — 07/06/1989)
Autores Clássicos no Luso-Poemas

[do livro Distraídos Venceremos]
 
Autor
Paulo Leminski
 
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Enviado por Tópico
Maria Verde
Publicado: 08/02/2012 02:54  Atualizado: 08/02/2012 02:54
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Mensagens: 3489
 Re: Minifesto
O ultimo verso perdido encontra e comprime todo o sentido deste magistral poema.
MV