Poemas : 

Os Olhos da Minha Infância

 
Os Olhos da Minha Infância



Nem quando o sol cansado do dia,
Procura abrigo no alto das árvores,
Até poder pular lá a beirinha do céu,
Para encolher-se,

Nem quando vejo os trieiros sinuosos
Rendas caprichosas tecidas nos pastos,
Ou sinto o perfume das damas da noite,
A abraçar as casuarinas marulhando ao vento,
Nem quando ouço o êia distante,
Dos vaqueiros tangendo de tarde,
Os bois para o curral,
Ou quando bandos de maritacas,
Matraqueiam dançantes prosas pelo pomar,
Nem quando a areia branca, prenhe da lua,
Faz um tapete para o abrir das porteiras,
Ou quando as borda do açude,
Espumosas acolhem girinos ligeiros,
Nem quando o berrante chora,
Ondulantes canções em vibrato...

Nem assim os meus olhos encontram
Aquele sol, os rendados trieiros,
Os vaqueiros, as maritacas,
Dos olhos da minha infância.


 
Autor
Paula Baggio
 
Texto
Data
Leituras
1175
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
0 pontos
0
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.