Prosas Poéticas : 

Morada das Flores

 
Morada das Flores
Cenas


Branca.
Um alto pé-direito mostrando o forro de madeiras rústicas.
Um alpendre comprido e fresco, que abriga redes indolentes e cadeiras preguiçosas.
Samambaias e uma avenca verdinha e delicada...
Na sala, o cheiro de couro dos sofás fofos, a cadeira de balanço no canto, poucos enfeites, nenhuma cortina que esconda o esplendor do verde lá fora.
As montanhas formam mosaicos nos vidros das janelas.
A cozinha grande e fresca mostra a longa mesa de madeira, nua: um banco de cada lado,
Mesa de linhas simples, a espera de toalhas brancas e do café a recender por tudo.
Majestoso no canto, encostado junto à parede, o fogão de lenha, brilhando os reflexos da vista para o quintal,
Ali onde o bule apoiado na imensa chapa, descansa calmo o calor sem tempo daqueles que não tem pressa.
No armário treliçado, as panelas brilhosas, os utensílios necessários, o arimbá.
Outro alpendre fresquinho, com o piso luzidio, leva para os estúdios.
O da direita, repleto de estantes de livros, a mesa grande mostrando todo o vigor da prancha de madeira lisinha.
Mobiliário simples: computador, o abajur, a cadeira confortável. Até o teto uma estante; prateleiras mais largas, e lá uma pedra amarela que mais parece um pão, um elefante de louça, uma panela de ferro, uma sineta de prata...
No outro estúdio, também uma enorme mesa de madeira pesada. Estantes, aparadores repletos de caixas de tinta, pincéis, papéis, modelos, arquivos, e no canto uma galga espera o tempo de rodopiar.
Dali... O imenso quintal.
Maças, laranjas e jabuticabas; muitas... porque ensejam romances e relembram infâncias mágicas.
Até a frente, o jardim de mansos gramados verdes, roseiras, hortênsias azuis, alamandas...
Jardins que se mostram pelas janelas do quarto.
As três.
Ah, o quarto...
Singelo, cheiroso.
Madeiras escuras, a cama alta e fofinha, coberta de colcha branca.
Uma poltrona no canto ao lado do abajur de pé: abajur de iluminar leituras.
E sobre o criado-mudo, entre o relógio e os livros, um vaso onde eu coloquei as flores que você trouxe...
Pensou em mim ao comprá-las...
Andou pela rua com elas...
Flores que você trouxe para enfeitar nosso amor.


 
Autor
Paula Baggio
 
Texto
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