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Elegia dos desígnios - O destino

 
“ ... na palma da minha mão, o destino em traços inexatos
já havia definido os meus atos ...”

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Canto de introito

Trago na alma o desespero,
desespero do meu sofrimento.
Já fui feliz, conheci a alegria,
criei sonhos de fantasia,
e fiz momentos felizes.
Pensei que seria eterna
toda essa felicidade,
pensei que os sonhos róseos,
nunca iriam acabar
e nem mesmo se transformar
num horrendo pesadelo medonho.

Quis ser feliz, mas foi em vão,
pois na palma da minha mão,
o destino em traços inexatos
já havia definido os meus atos.


Canto II.

Senti desejos de vingança,
fiz morrer a esperança,
de mais de uma vida feliz.
Muitos males eu causei,
grandes desditas eu provoquei,
mesmo sem olhar além.

Derramei o sangue na terra,
e o sangue escoou,
chegou até meu corpo,
e tingiu-me as carnes
de rubro e intenso matiz.
Destruí lares, matei inocentes,
e agora ouço os gemidos
que não clamam por vingança,
mas que pedem justiça,
pedem que eu também sofra
como aos que eu fiz sofrer.
Deixei pessoas aos desabrigo,
fechei o meu coração,
e não estendi a mão,
recusei-me como amigo,
de mais de um sofredor:
- Eu neguei o meu amor !

Quis ser feliz, mas foi em vão,
pois na palma da minha mão,
o destino em traços inexatos
já havia definido os meus atos.


Canto III.

Por onde eu passava,
comigo caminhava,
o pranto e a dor.
Afugentei todo amor,
e toda felicidade,
semeei destruição,
em todo coração,
por toda a cidade.
Da minha mesa farta,
com um lauto festim,
vi morrerem de fome,
tantas almas miseráveis
que imploravam a mim
por uma côdea de pão,
por uma centelha de compaixão.

Quis ser feliz, mas foi em vão,
pois na palma da minha mão,
o destino em traços inexatos
já havia definido os meus atos.


Canto IV.

Mas agora, agora,
soou a minha hora.
De todo mal já cometido,
eu estou arrependido,
mas isso nada vale
na balança do Juízo.
não há nada de direito
que por mim valha ou fale
estou longe do paraíso
e trago a tristeza no peito.

Esperei o revida às afrontas,
para que eu também sofresse
e assim m redimisse
um pouco do mal que eu fiz.
Queria com o sofrimento
enganar a grande dor,
que a todo momento.
cruciava a minha alma.

Quis ser feliz, mas foi em vão,
pois na palma da minha mão,
o destino em traços inexatos
já havia definido os meus atos.


Canto V

Na terra brilha o sol,
sol bonito de primavera,
luz que ilumina o mundo
e trás tanta alegria
a todos os corações.
Cantam pássaros alegremente,
e flores nascem nos campos.
Pássaros e flores que na primavera
enfeitavam o mundo todo,
deixando-o colorido,
e trazendo tanta alegria
a todos os corações.

E eu não sinto nada disso!
Para mim não brilha o sol,
não sinto o seu calor,
e nem se abrem as flores.
Sequer cantam os pássaros,
uma alegre melodia
que trás tanta alegria
a todos os corações humanos.

Quis ser feliz, mas foi em vão,
pois na palma da minha mão,
o destino em traços inexatos
já havia definido os meus atos.


Canto final

O sol nasce e morre também.
As flores abrem e murcham também.
Os pássaros cantam e calam também.
E eu me desespero,
busco na escuridão,
o refúgio derradeiro
para esconder as desditas
que carrego no meu peito
pois eu não tenho o direito
de sentir o calor do sol,
e nem ter a sua luz.

Quis ser feliz, mas foi em vão,
pois na palma da minha mão,
o destino em traços inexatos
já havia definido os meus atos.




" ...descrevo sem fazer desfeita,
meu sofrer e meus amores
não preciso de receita
muito menos prescritores."




 
Autor
LuizMorais
 
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