Poemas : 

Naufrago

 
Desmembro as correntes do vento,
corto o sopro
a cada inconstância
que se percebe nas aragens.
Abro o meu peito
aos desmandos dos desejos,
e sou naufrago
das marés e das sereias,
que me encantem e vencem.
Na imaginária lenda
que corre do meu sangue,
sou tarde de mais
a personagem branda
rectilínea,
que faz parte
de todos os cantos da vida.
No trespassar de cada dia,
dos momentos
que não se deixam esquecer,
sustento em mim
a ténue e frágil
esperança,
de permanecer enfeitiçado,
de me deixar de mim
e ser esse teu ser
que morre em cada alento,
e renasce pronto
a ser -
alimento -
de um último beijo teu.


Jorge

 
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JB
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Enviado por Tópico
Tália
Publicado: 15/11/2007 19:17  Atualizado: 15/11/2007 19:17
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Usuário desde: 18/09/2006
Localidade: Lisboa
Mensagens: 2489
 Re: Naufrago
´Lindo Jorge, lindo...

beijo

T

Enviado por Tópico
Mel de Carvalho
Publicado: 15/11/2007 21:54  Atualizado: 15/11/2007 21:54
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Usuário desde: 03/03/2007
Localidade: Lisboa/Peniche
Mensagens: 1562
 Re: Naufrago
"Desmembro as correntes do vento,
corto o sopro
a cada inconstância
que se percebe nas aragens."

Bastaria este verso e diria que era um belo poema, uma ode à natureza elementar.
Mas o JB consegiu dar-lhe continuidade sem perder a força, naufrago capaz de atingir a costa.

É sempre um prazer lê-lo, meu amigo.
Abraço da Mel