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VIVOS E MORTOS

 
Vivos e Mortos
Paulo Gondim
02.11.2007

Continuamos a chorar nossos mortos
Por tradição, por desculpas
Por culpa ou dissimulação
Por saudade, por solidariedade
Às vezes, até, por compaixão

Só sei que choramos
Por vezes, um choro seco
Dramatizado, teatralizado,
Tudo, menos um choro chorado
Apenas um choro forçado
Improvisado, inapropriado
Um choro,assim, disfarçado

E nos vamos em caravana
Para o fim da caminhada
Juntos, na última procissão
Onde se confundem vivos e mortos
Todos num mesmo caixão

Ao morto, atiram-se flores
Como lenitivo, com perdão
Tenta-se minimizar a culpa
Na sinistra e sofrida procissão
Depois, cobrem-lhe de terra
Como fim de sua longa espera
Pelo carinho que não sentiu
Pelo amor que dele fugiu
Pelo beijo que não gozou
Pela palavra de afeto que não escutou

E voltam os vivos, já dispersos
Como vítimas de imolação
Pois já menor aquela procissão
De pouca fé e muito ceticismo
Agora, só individualismo
Mais uma vez, perdeu-se a lição

02/11/2007


Paulo Gondim

 
Autor
Paulo Gondim
 
Texto
Data
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1967
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Enviado por Tópico
cleo moreno
Publicado: 25/01/2008 21:54  Atualizado: 25/01/2008 21:54
Muito Participativo
Usuário desde: 17/01/2008
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Mensagens: 52
 Re: VIVOS E MORTOS
P A R A B E N S!!!
Seu poema "Vivos e Mortos", é p/ mim,nos tres primeiros versos, uma denuncia à hipocrisia,e nos dois ultimos, uma "alerta" aos que vivem como se fossem eternos,Únicos e onipotentes.
Parabens, mesmo!