Recordo...
Quando no ribeiro cristalino
enviava um barquinho sem destino
carregado dos meus sonhos de criança
Nesse barco construido
na casca de uma palmeira
com o coração cheio de esperança
e a vela feita " à maneira"
com um trapinho apanhado
no meio da sua viagem
encalhado ali, na margem
Lembro...
como o barco transportava
desejos, sem saber onde parava,
onde conseguia levar-me,
libertar-me
dos muros que sentia à minha volta,
e a revolta
de não poder abalar
à conquista do futuro com que sonhava,
que persentia, nunca poder alcançar
Tinha razão...
o barquinho afundou.
Com ele a desilusão,
os sonhos com que partiu,
a vida que nunca existiu
e o futuro que não chegou...
Célia Santos