Quem nunca presenciou o grito da sombra?
Aquela tristeza que nos transporta para um tempo transcendente...
Um tempo onde as verdades se deleitam com mentiras.
Um tempo de um clarão escuro que consome a beleza harmoniosa do Templo que é o Ser.
Uma tristeza pura e ingénua.
A perfeita amante das lágrimas...
O grito da sombra transformado
em pó
em água
em dor
em dissabor.
Um Grito? Não...
Um suspiro...
Uma eterna desventura plantada no profundo recanto do Ser que é um Monstro.
Mas a tristeza não é uma viagem sem viajante.
Fica à espera, ancorada ao sabor da memória.
Um momento, há, em que se solta e perpetua o silêncio.
Aí, a página é rasgada.
Destruída.
Feita puzzle.
Dão-lhe mais peças os gloriosos;
Deixam-na incompleta os macábros que fazem das palavras amargas o seu alimento.
Mas a sombra, não se evapora...
Não é Luz. Quiçá Vida!
Vai-se com o apodrecer dos ossos
E, contudo, permanece.<br />quando nos apetece gritar, berrar com toda a força, a todo o mundo, que a vida já não é vida, que o ser já não é ser... e, por isso, apenas suspiramos...