Prosas Poéticas : 

O orgasmo da escrita

 
Tags:  O orgasmo da escrita  
 
Republicação em homenagem ao Dia do Escritor



O orgasmo da escrita

Entre tantos prazeres terrenos, pecados ou não, alguns me são incomparáveis, sexo e gozo, primordiais, por tanta proximidade com o chegar ao céu, por estarem no tênue limite que há entre viver e morrer.
No meu conceber, entretanto há um gozo, prazer intenso, voluptuoso, chamado escrever. Diria mesmo ser um gozo com as palavras uma elipse amorosa, o orgasmo que provoca a escrita.
Entre infindos descreveres, abissais tentativas de expressar a interação com a escrita me vem um descrever mais ousado o mais próximo do perfeito qualificar.
Escrever, compor, criar, brincar com as palavras, traduzir ao papel sensações, sentimentos, repartir e complementar idéias, externar pensamentos, utilizar-se do argumento das letras, palavras, versos, rimas, métricas, este é um prazer que suplanta o gostar, ou mesmo o amar, o querer.
Desafio-me e arvoro-me a dizer: "Escrever é como ter um orgasmo com as letras”, com a criação. É gozo pleno, concluso, quando se finaliza um texto, uma composição. Reparam-se no afligir ansioso do poeta, nos arfantes suspiros quando inconclusa poesia. No deslocar de pensamentos, no ausentar-se do cotidiano, no tremer involuntário quando se fixa uma idéia a ser escrita. Real são as pasmosas sensações que um escritor/poeta sente no ato, decorrer do compor/criar. Parêntese aqui, para uma declaração que ouvi em palestra recente do Escritor e Poeta Affonso Romano de Sant’anna que nos contou que em certa vez, durante o processo de uma de suas criações, sua esposa Marina Colassanti, batia-se, machucava-se frequentemente andando pela casa involuntariamente resultado de toda aflição, ansiedade advinda do processo de criação. Reporto-me a o fato para ilustrar os acometimentos que passamos todos quando concebemos, perpassamos até o concluir de uma criação.
Só um poeta, escritor pode referir o sentimento sem igual quando do término da obra, seja uma pequena trova ou grande tratado. Prazer singular, indizível.
Para mim e recorrendo a um subsídio poético de um ícone da literatura, Rubem Alves “Ler é fazer amor com as palavras”, digo: Escrever é ter um gozo com as letras. Prazer do qual não pretendo me desfazer, pois que é saciar, fartar a alma e o corpo a mente e coração.
Alegremente, vibrando quero escrever, poetizar deixar que me latejem os dedos, pulsem e vertam idéias, irrigando papéis telas e que lápis, teclados, sejam pares, cúmplices desses momentos, coniventes com o júbilo final. Não apenas veículos para transposição de idéias, meros e frios componentes da engrenagem.
Vibraremos todos em igual sintonia e com esse incrível regalo.
Um prazer que gera outro.
Partilhar com quem apetecer compartilhar.



Escrito Em 23 de outubro de 2008





[size=large]Citando:
A felicidade é branca... O amor tem matizes que nos fazem ver o infinito..
.

O desejo de escrever persiste, por vezes em tons felizes, vibrantes cores, outras em tons pastéis. cor de pérola, mas o que importa é que não há r...

 
Autor
RoseaneFerreira
 
Texto
Data
Leituras
964
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
1 pontos
1
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 29/07/2012 22:41  Atualizado: 29/07/2012 22:41
 Re: O orgasmo da escrita
Uma bela homenagem com uma teoria interessante e diferente do habitual num mar de figuras impressas.
Abraços
Luzia