Poemas : 

Pelas salas das batas brancas

 
Antevejo uma sala de espera
e uma questão por inventar
entre o ruído do silêncio breve

Sonoriza-se um nome registado
e uma voz que assim o chama
entre os espaços da demora

Naquele cansaço da espera
por ora ninguém reclama
aziagos momentos quimera
noutro conceito de quem chama

E os gabinetes estabelecem
perante os seus coordenadores
em cada chegada se esquecem
dos constantes seus doutores

Os neurónios solavancam-se
na sua própria turbulência
perante a diversidade das chamadas

O próprio nome não surge
tanta resignação se partilha
por entre aquela amálgama sisuda

De tanta espera se padece
pelo delinear acidental
e tudo por ali acontece
ou não falássemos dum hospital


António MR Martins


António MR Martins
Tem 12 livros editados. O último título "Juízos na noite", colecção Entre Versos, coordenada por Maria Antonieta Oliveira, In-Finita, 2019.
Membro do GPA-Grupo Poético de Aveiro
Sócio n.º 1227 da APE - Associação Portugues...

 
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António MR Martins
 
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Enviado por Tópico
Migueljaco
Publicado: 16/10/2012 23:48  Atualizado: 16/10/2012 23:48
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Usuário desde: 23/06/2011
Localidade: Taubaté SP
Mensagens: 10200
 Re: Pelas salas das batas brancas
Boa noite Antonio, seus versos contidos em valorosas rimas, narram uma cena em que as rotinas insuficientes dos órgãos de saúde se acentuam em suas negligencias, Parabéns pelo seu contundente poema, um grande abraço, MJ.

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 17/10/2012 00:52  Atualizado: 17/10/2012 00:52
 Re: Pelas salas das batas brancas
Muito bonito e profundo, Antonio. E tambem digo isso
em relacao aos medicos. Profissao dificil, nao eh
mesmo? Tantas coisas acontecem em um hospital, e tantas
coisas passam pela nossa cabeca, quando ali estamos.
Que nem pensamos num medico, ou em um enfermeiro, como
humano.
Abracos,
~Mary~