Poemas : 

Secura ilimitada

 
Foi vertido o líquido incolor no copo da sofreguidão, onde a sequiosa razão da subsistência não envereda pelas sedes da loucura e transmite o receio de cada voz oprimida. As secas gargantas já não premeiam as audiências com o som de suas falas e o líquido consumido é insuficiente para tamanha secura. A consternação evidencia-se e é latente o sentido da prepotência descabida. As águas passam lestas por entre as muralhas do desassossego, sendo inoperante o receptivo contributo para as poder parar, na separação de toda a inquietude. Não existem mais canais de absorção e o líquido escorre paralelamente à sua necessidade, no seu resoluto percurso. A vingança fertiliza-se no estado de alma de cada ser onde impera a sequidão e vai sustentando-se, fortalecendo seus tentáculos. O polvo espreita o momento exacto para novo ataque, perante a indiferença generalizada.


António MR Martins


António MR Martins
Tem 12 livros editados. O último título "Juízos na noite", colecção Entre Versos, coordenada por Maria Antonieta Oliveira, In-Finita, 2019.
Membro do GPA-Grupo Poético de Aveiro
Sócio n.º 1227 da APE - Associação Portugues...

 
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António MR Martins
 
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