Poemas : 

Gestos inúteis

 
Gestos inúteis,
absurdo ângulo que ao vento se flectia,
quando
a voz embargava líricas de canto
em janela aberta no ventre do rochedo.

Inútil o beijo,
o aceno imune e largo,
penhorado por sobre braços de giestas luzidias,
nuas de folhagens,
adelgaçadas ternuras de crianças
compelidas livres à raiz pálida dos medos.

Inútil
se ressurgidas d’ ânsias estimuladas,
rodopios impubescentes em comuns danças,
no negro de um pavio a pespontar a tarde
perenemente rugosa e densa.

Desfaço na noite a química e a magia,
arresto-me à cinza morta de um novo dia,
sendo
dor de dor, na dor dos dedos
em que se encruzilharam as tuas asas
absurdas de morcego.


MT.ATENÇÃO:CÓPIAS TOTAIS OU PARCIAIS EM BLOGS OU AFINS SÓ C/AUTORIZAÇÃO EXPRESSA

 
Autor
Mel de Carvalho
 
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Enviado por Tópico
Tânia Mara Camargo
Publicado: 03/12/2007 20:32  Atualizado: 03/12/2007 20:32
Colaborador
Usuário desde: 11/09/2007
Localidade:
Mensagens: 4246
 Re: Gestos inúteis
Mel que belo poema, profundo! Amei!

Enviado por Tópico
MariaSousa
Publicado: 03/12/2007 21:52  Atualizado: 03/12/2007 21:52
Membro de honra
Usuário desde: 03/03/2007
Localidade: Lisboa
Mensagens: 4038
 Re: Gestos inúteis
Nada é inútil...

Este poema foi uma útil e agardável leitura.

Muito bom!

Bjs

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 03/12/2007 22:07  Atualizado: 03/12/2007 22:07
 Re: Gestos inúteis p/ Mel de Carvalho
Maravilhoso e forte, pois vem dessa incrível e límpida fonte, poetisa Mel de Carvalho!
LIndo, amei!
Beijos,
Sandra

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 03/12/2007 23:10  Atualizado: 03/12/2007 23:10
 Re: Gestos inúteis
Grandioso demais para ser comentado...
fico por aqui!
Beijinhos
ConceiçãoB