Poemas : 

A MULHER CENTOPÉIA E A FINITUDE HUMANA

 
Setembrina
Ela era
Primavera longínqua
Mil novecentos e guaraná de rolha
Centenária centopéia
A vida foi- lhe conferindo
Medalhas e pernas.
A mãe do ano
Máter dolorosa
Operária modelo
Meretriz apedrejada
Joana, a da fogueira acesa
Estrela pop
Musa do rock
O mito máximo
De Vênus
Platinada
Histérica, enfim
Básica.

Centenária dúvida
Nunca houve de responder
A questão primária:
Che vuoi?
A boca e o nariz se movem
Quando ela fala
E quando sorri
Dói nos dentes
E na alma pisada.

Mulher centopéia
Salto
15 agulhadas
No rim esquerdo
Da estrada.
Avara
Guarda cem pares
De sapatos
Para cada pé.

Um dia há de morrer
Mas, maquiada, de pé
E sobre os saltos.



"Livra-nos das tentações, mas não agora"
Santo Agostinho (livre Interpretação).

 
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SERÁaBENEDITA
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 19/12/2012 00:17  Atualizado: 19/12/2012 00:17
 Re: A MULHER CENTOPÉIA E A FINITUDE HUMANA
Hum e que mulher apesar de ser mais outonal que primaveril...
Há mulheres assim menina.
Gostei imenso do seu poema cheio de criatividade e ritmo.
O fim tá "um must" e vale a pena realçar:

"Um dia há de morrer
Mas, maquiada, de pé
E sobre os saltos."

...ainda assim todos(as) morrem independentemente da estação adotada/destinada...
abraço
maria

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 19/12/2012 10:22  Atualizado: 19/12/2012 10:22
 Re: A MULHER CENTOPÉIA E A FINITUDE HUMANA
Um lindo poema, adorei, lindo demais