Poemas : 

Parede 1

 
.

Cabeças de poetas
de olhos abertos
e verso em riste.
Os mais tristes,
ou mais loucos.
Pretos,
brancos,
doloridos.

A árvore da fresta
da janela
é mimeografada,
roxa
e cheira a álcool.

A galinha de Clarice
voando astronauta
no mar-éter,
mãe do ovo óbvio.
Sem cabeça.
Na cabeça da galinha
fogo
das ventas de poetas
sem cabeças.

A cortina
da janela
é papiro do Egito,
hieróglifos
de tinta acrílica no papel.

A prisão do passarinho
do Quintana
é entre
a árvore seca
da bruxa-fada
também roxa,
no céu roxo,
e os infernos -
pintura psicografada
por um autor
expressionista
falecido,
hedonista
fatigado.

Turvo,
turvo.
Escuro e vermelho,
linhas dividindo nada.
Linhas divisórias,
linhas ilusórias.

O relógio sem ponteiro,
marca nove e vinte.
O ponteiro do segundo
é uma espada de São Jorge.

Xangô dançando capoeira.

A carta 7 do tarô.

A máscara no toco de pau.

Modem, caixa de som, .

O rodapé,
o chão.

.

 
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thiagodebarros
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 09/01/2013 01:22  Atualizado: 09/01/2013 01:22
 Re: Parede 1
Teu poema tem tanto ritmo que até parece uma música pop, eletrônica. Nunca vi isso antes, é ótimo.
Abraços.


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 09/01/2013 13:39  Atualizado: 09/01/2013 13:39
 Re: Parede 1
galgar seus versos quase que se precisa fazer rapel. muito bom. como disse a cavalcante; tem mesmo algo de melódico. admiro essa inventividade.
meu abraçaço caRIOca.


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 10/01/2013 18:43  Atualizado: 10/01/2013 18:43
 Re: Parede 1
Eu curto demais essa tonteira pós-leitura, quando venho aqui. Não cabe elocubrações críticas. É uma envolvência, um jogo de pega-mata-e-come. Fica tudo no lugar: o poeta, o ovo de clarice, a galinha do ovo de Clarice, ou seja, sem lugar-comum.
Eu ví o passarinho do Quintana!
Aff!

Eita poesia! Tanta poesia!

Bj.