Poemas : 

mensageira

 
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uma pomba da paz
no azul do céu
voava livre e feliz

de repente
cantou a metralha
estilhaços e fogo
cosiam mortalhas
céu foi tomado
em poucos instantes
por obuses traçantes

restou à pomba
no azul conspurcado
ver a batalha sem fim
suspirar
para que chegasse
o inverno
para ver o branco da neve
poderia pensar na paz
poderia pousar na terra

pobre mensageira
de paz passageira
que nunca aconteceu
desde o início do mundo
matam-se os homens
tisnando o sangue
na face da terra

este mundo
nunca terá paz
não deixará
no azul do céu
uma mensageira
voar livremente.



 
Autor
Tosco_Bardo
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 26/04/2013 22:37  Atualizado: 27/04/2013 10:44
 Re: mensageira
Parabéns, poeta. Belíssimo poema. Como ficam perdidos no contexto, como são ignorados, os que apregoam a paz. Pena a natureza humana (coletiva) ser tão sanguinolenta, predadora, nos campos de batalha, nos mercados de trabalho, nos círculos sociais. As vozes pacificadoras sugerem-se fracas, soam desentoadas, e vão-se ignoradas, restando frustrar-se e suspirar, aguardando que o inverno chegue, como sugeriu o poema, para que a brancura da neve cubra, esconda, as manchas de sangue e covardia que maculam a terra. O que pensa a pomba mensageira , não recebida, enquanto espera que termine a carnificina? Talvez pense (pura utopia...) "Ah! quem dera, que a humanidade fosse poeta..." Um grande abraço, amigo. Você tem o meu respeito.