,se todos os amanhãs regressarem pelo poente ,como o som de um violino já rouco?
(I)
,quantas vezes me entediou a palavra escrita,
,adormecida, como um amar já gasto? de que me interessa o amar, ou se a primavera ressuscita, nas águas tantas de abril?
,fugas apenas das tuas mãos, dirás, do gargalo estreito que me impede o afogamento desejado,
das procelas cobrindo faróis descoloridos, ,e repetirás, os naufrágios da minha alma, ou do silêncio,
ou esses lilases que nascem numa terra já morta.
(II)
,esqueço-me do cigarro que me queima os dedos, insensíveis de tão amarelados, dos areais sem esconderijos, da memória que vai morrendo desgastada.
,se as nuvens em granizo, sem benevolências, aparecerem, apagando os santelmos, já gastos pelo salso mar, pequenas as chamas,
esconder-me-ei pelas vertentes, e depois,
calar-me-ei,
[revelando-te os passos em volta que me acordam pelas noites em escarpas], repetiremos?
"Forfante de incha e de maninconia, gualdido parafusa testaçudo. Mas trefo e sengo nos vindima tudo focinho rechaçando e galasia. Anadiómena Afrodite? Não:"
("Afrodite? Não" Jorge de Sena)
«Abril é o mais cruel dos meses, gerando Lilases na terra morta, misturando A memória e o desejo, atiçando ... Raízes inertes com a chuva da primavera.” ( T. S. Eliot “The Waste Land”)
A vida é sempre a mesma "lenga lenga"...nascer, viver, morrer, quer seja no contexto da vida mesmo, quer seja no contexto do quotidiano de cada um...e será sempre assim... Saudades de te ler Duarte! Abraços Luzia