Olhei para o passar de um segundo
Que andava de bicicleta
e corria uma prova de meio-fundo
atrás de uma caneta preta.
Claro que o segundo perdeu a prova
foi o segundo a chegar à meta,
a terceira competição era cavar uma cova
E de novo perdeu para a caneta preta...
Coitado do segundo desclassificado
que era um segundo somente...
Chegou ao fim, cansado mas inteiro!
A frio, triste e desmoralizado
deixaria de ser segundo para chegar à frente?
Para ser menor do que é - um primeiro...
Sou fiel ao ardor,
amo esta espécie de verão
que de longe me vem morrer às mãos
e juro que ao fazer da palavra
morada do silêncio
não há outra razão.
Eugénio de Andrade
Saibam que agradeço todos os comentários.
Por regra, não respondo.