Poemas : 

cavaleiro molambo do jardim

 
"...sonha em pilotar o avião do destino,
com ele atravessar as tormentas..."



cavaleiro molambo do jardim



cavaleiro da luz,
com em um eunuco na garupa,
não evitou a morte do escudeiro,
nem que o submarino fosse ao fundo.
cavaleiro deprimido com qualquer coisa,
o corpo tenta em vão percorrer onze metros.
não sabe mais sonhar,
antes que comecem as ondulações

na água do mar, o céu se abre como abismo,
rouba a imagem do bisavó
sepultado há mais de cem anos.
inevitável como onda de lavras incandescentes,
na tempestade alisa o penteado da juba dourada,
sonha em pilotar o avião do destino,
com ele atravessar as tormentas.
não era eu, mas ele que passava os dias

nele mesmo, mumificado no próprio ser.
trazia cilindros de álcool no sangue,
excedeu limite permitido pelo etilometro.
fez uma declaração de amor,
ao miliciano vesgo e manco,
sem esperança de reciprocidade,
pensava ser todo poderoso bêbado.
cavaleiro do paralelo 43,

naquela época morava perto
do delta do Mekong, meio caminho de Hanói.
sabia as rotas e hábitos,
da palma da mão, paralela ao chão,
do líder da banda, um roqueiro sem meias,
boa alma embora leigo
em assuntos não mundanos,
mas que usava uma bandana vermelha.

bebia aos goles de um frasco de elixir,
este costumava trazer no bolso,
das bermudas floridas e rustidas.
sofrido cavaleiros de tristes letras,
muitas vezes foi o espetáculo,
mostrando as alegrias de beber demais.
ele era um louco dentro de outro,
desde então não havia ninguém para competir.

imaginava que foi ele quem escreveu,
uma epopeia grandiosa que ninguém leu.
uma obra gloriosa, ninguém reconheceu
quão talentoso ele era.
embora não tivesse rimas numa única linha,
perdia as noites e acordava muito tarde,
a vida terrena deliberadamente arruinou,
sempre alardeando com um sorriso,

que a sua carne terrena era indecomponível.
cavaleiro andante transmutado em molambo,
serviu a lúcifer, acendeu velas aos santos,
ainda há de encontrar no jardim uma garrafa,
que algum astuto pardal deixou para engolir .





" ...descrevo sem fazer desfeita,
meu sofrer e meus amores
não preciso de receita
muito menos prescritores."




 
Autor
LuizMorais
 
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