Poemas : 

Lúcifer pensativo conjecturando sobre a rebeldia

 



"... Senhor dos mundos caído das alturas,
destituído do outrora ilimitado poder,
invejava a sorte das almas miseráveis,
que sob o céu quedavam-se obedientes..."



Lúcifer pensativo conjecturando sobre a rebeldia


No meio do caminho,
ele estava sentado em uma pedra.
Nos ombros trazia os tocos,
duas antes alvas asas recolhidas,
agora chamuscadas e negras tolhidas.
Expressão no rosto indicava,
ter recordações de uma terra distante.

Absorvido na escuridão reinante,
sob a luz tímida de estrelas,
nem viu que as luzes foram acesas
e a cidade iluminou-se para a noite.

Ele, sentado na pedra com asas de um anjo,
sob um pálio de luzes transparentes,
meditava sobre como poderiam ser felizes
aqueles que estavam dormindo neste momento.

Mas, sabia que jamais poderia fechar os olhos
com certeza não poderia dormir.
Senhor dos mundos caído das alturas,
destituído do outrora ilimitado poder,
invejava a sorte das almas miseráveis,
que sob o céu quedavam-se obedientes,
inúteis e fracos seres qual escravos
ao longo dos dias e noites suspiravam
apenas para apaziguar pensamentos tristes,
abafando aspirações nos peito mortos.

Teve a alma tomada por poderoso impulso,
[ sim, ele a tinha, mesmo que a mais torpe que se vira]
delas sentiu a dor na consciência, mas não podia parar
de meditar sobre todo o sofrimento que causaria!

Sentiu que a consciência que tinha era qual masmorra,
encerrava circulo vicioso de torvelinhos de paixões.
Poderia facilmente extinguir a vida em um planeta,
poderia matar milhões de almas inocentes,
mas do coração no próprio peito, com certeza sabia,
aquela amargura jamais poderia matar.

Sentiu que no momento não haveria salvação,
quase se arrependeu por ter-se rebelado,
imortal que era, sequer poderia morrer
para encontrar no esquecimento a paz almejada.
também não haveria onde sua alma repousar.

Pensou no mundo que estava prestes a construir,
mundo depois do fim do mundo, inimaginável antro,
onde reinaria sobre o caos, criando o mesmo caos.
mundo terrível, sem limites, sem espaços,
torrão despencado do éter azul cintilante,
para abrigar as almas de todos os que morressem,
e impingir-lhes sofrimentos e castigo vis.


Pensativo, sentado sobre a pedra de granito,
uma das mãos sob o queixo, expressão pesada,
fechou os olhos imaginando estrelas e planetas
apagados e subjugados pela força de seu mal,
furações, desgraças, vulcões, meteoros,
e as pilhas sem fim de cadáveres

Sabia que sua presença traria desditas,
para as almas viventes não haveria salvação.
Não se arrependeu ter fugido do Paraiso,
esperaria para sempre, até o ultimo instante,
para constatar a flagrante decepção
que reinaria em seu mundo de horrores,

Senhor das Trevas, pensativo, em desvario
sentado na pedra sem ver formas, sons,
sem ter movimentos, sem cores, insípido viver,
na decepção flagrante, abana a cabeça lentamente,
reinaria sobre as almas, imporia a própria vontade:
- sabia que por trás de tudo haveria somente vazio.





" ...descrevo sem fazer desfeita,
meu sofrer e meus amores
não preciso de receita
muito menos prescritores."




 
Autor
LuizMorais
 
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