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Terra dos Bichos do Pantanal

 


Lar doce lar, situados no Sul de Mato Grosso e Noroeste de Mato Grosso do Sul. Existe um lugar lindo e abençoado por Deus, onde possui fauna e flora rica por natureza chamada terra dos bichos do Pantanal.
A história que irei lhes contar aconteceu quando ainda eram jovens, os bichos que para defender sua terra viriam a se tornar amigos, Yacaré, Mateiro, Onça, Fenina, Pluma e Rói, essa é sua turma e esta terra é a sua casa. Tudo começou quando Fenina, uma Onça Parda, corria pela mata atrás de uma Capivara chamada Rói, naquele dia Rói correu para que não viesse virar presa, ela não queria virar comida de ninguém, então entrou mata adentro, passou por entre troncos de árvores velhas e matas fechadas, e quando olhava para trás pensando que já a tinha despistado, de novo via aqueles dentes e garras enormes quase ao seu alcance, daí ela corria e gritava:
- Para! Não me coma.
Mas, o que ela não sabia, é que Fenina fazia isso com todos, era sua diversão predileta, isso a fazia se sentir mais forte. Assustar os mais fracos e indefesos como Rói a fazia se sentir melhor. No Pantanal é a lei do mais forte, quem pode mais, corre menos. Diante de toda aquela correria a Capivara afugentada chega à beira de um rio, quando de repente avista outro predador. Aquele não era seu dia de sorte, ela estava entre as garras e os dentes, não tinha para onde correr, de um lado uma onça voraz, olhando como se ela fosse um pedaço de carne e do outro um Jacaré. Ela não sabia o que fazer, por isso começou a chorar e suplicar por sua vida, disse que tinha família, foi quando Fenina e o Jacaré começaram a zombar, dizendo que nunca tinham visto um bicho tão medroso, em seguida Rói pergunta:
- E aí do que estão zombando?
No meio daquela zombaria a Capivara até tirou uma onda:
- Quem vai me devorar primeiro?
Onça Parda e Jacaré explicaram que era uma brincadeira.
Rói se apresentou, e quis saber por que deles não a devorarem. Pois em uma cadeia alimentar o mais forte devora o mais fraco. A Onça Parda apresentou seu amigo e disse seu nome:
- Esse é Yacaré o mais poderoso réptil do Pantanal e eu sou Fenina.
De repente, um pássaro despencou de um galho caindo na água, Yacaré hábil nadador pulou dentro do rio e salvou o mesmo. Esse pássaro era uma Arara, ela começou gritar e beliscar o Jacaré dizendo:
- Sai daqui sua largatiçha crescida. Mesmo assim Yacaré a levou para junto dos demais. Todos queriam saber o que aconteceu.
Pluma respondeu:
- Eu estava avuando quando avastei uma árvore cheia de Licuri. Que fome! Nem pensei avoei com tudo.
Pluma quis saber qual o motivo daquela reunião. É pra mi cumer?
Fenina brincou:
- Fecha o bico tagarela, se não vamos devorá-la. Rói se manifesta:
- Pluma? Este é o seu nome? E o pássaro respondeu:
- Nome lindo ingual o dono, Pluma ao céu dispor!
Distante dali estava uma Onça Pintada presa em uma armadilha deixada pelos predadores mais ferozes conhecidos pelos bichos por humanos, pelados e sem presas, porém traiçoeiros, tinha um punhado deles espalhados pela mata. Estavam extraindo madeira e capturando os animais.
E não muito longe dali encontrava-se Mateiro, um Lobo Guará, bicho esperto e de audição aguçada comendo semente da lobeira. De repente o bicho percebe ruídos estranhos, havia algo errado. Mateiro ficou atento e percebeu ruídos de um animal em perigo e saiu para socorrê-lo, entre rugidos e sons da natureza ele foi se localizando até finalmente chegar ao bicho. A Onça quando avistou Mateiro ordenou ferozmente:
- Me solta e eu prometo que não irei te devorar.
O Mateiro embora sendo tímido demonstrou coragem e disse:
-Presa como está, não me devora nem se quisesse.
Em seguida, o Lobo com suas garras afiadas cortou as cordas que prendia a rede onde estava presa a poderosa Onça. O animal despenca da rede e cai de pé. Ficou no ar um sentimento de dívida entre Onça Pintada e Mateiro. Livre, a Onça sugeriu que saíssem dali. Caminharam em direção ao rio, no caminho Mateiro ia matutando... Sobre o que estava acontecendo na terra dos bichos. O mesmo perguntou:
- Amiga como foi parar naquela rede? A Onça respondeu:
- Estava caçando quando ouvi o barulho de algumas árvores caindo, fui investigar e nesse momento me capturaram. Graças a você estou salva.
Diante daquele sentimento de dívida, Mateiro, viu ali uma oportunidade de encontrar sua família, e para que a dívida da Onça fosse quitada, Mateiro pediu ao novo amigo para que o ajudasse a procurar sua família, a Onça aceitou e disse:
- Vamos procurar pelo rio, é bem capaz de encontrarmos alguma pista por lá. A Onça achava que tinha enrolado o pobre do Mateiro, mas na cabeça do pequeno Lobo, ele sabia que aquele felino estava pretendendo caçar, mesmo assim aceitou.
Entrando mata adentro, quando se aproximavam do rio eles avistaram quatro bichos conversando as margens do mesmo. Eram Yacaré, Fenina, Pluma e Rói. A Onça e o Mateiro espreitaram e passaram a escutá-los de longe. Os quatro animais estavam falando sobre as coisas estranhas que estavam acontecendo na terra dos bichos. Fenina e Yacaré eram velhos conhecidos. Juntaram-se e começaram a explicar o porquê deles não terem devorado a Capivara e a Arara. Eles já sabiam o que estava acontecendo. Árvores e animais sumindo, humanos aparecendo, Fenina sabia que havia algo errado e resolveu procurar a ajuda de Yacaré, só que o velho Jacaré não parecia se preocupar ele gostava da boa vida e sossego. Fenina continuou procurando algum bicho que pudesse ajudá-la na solução daquele mistério.
Ela soube através de outros bichos de uma Capivara muito inteligente chamada Rói e decidiu convocá-la. Todos resolveram pelo bem de sua terra, quebrar a lei da cadeia alimentar, dar uma trégua. Nesse momento Rói exclama como bom estrategista que é:
- O inimigo de meu inimigo é meu amigo! Ele havia entendido. Yacaré pergunta sobre qual a função de Pluma naquela missão, a própria ave responde:
- Desaistrada mémo, mas posso ajudar. Escondidos atrás das árvores, Mateiro e a Onça resolveram juntarem-se àquela missão, eles chegaram e foram tratando de apresentarem-se aos demais bichos, feitas as apresentações foram logo falando sobre as coisas que viram e ouviram e também sobre as armadilhas e os humanos. Ali se formava a turma dos bichos em prol do Pantanal, eles foram se conhecendo e trocando idéias e em meio aquele barulho entre toda a confusão de idéias sendo traçadas, a poderosa Onça resolve tomar a frente, e por sua vez sugere que Pluma voasse e fizesse reconhecimento de área para ver se via algo, e foi o que ela fez. Já no céu em pleno voo Pluma avista um pé de Licuri, resolvendo comer, a pequena Arara azul então se desvia de sua missão, Rói sugere que Fenina e a Onça por serem ferozes façam uma busca por terra para procurar o acampamento dos humanos. Enquanto isso a Capivara pede para Yacaré descer o rio e ver o que ele encontra às margens, Yacaré por adorar nadar resolve ajudar, Rói pede para Mateiro procurar todos os animais para que eles se reúnam à beira do rio, e o Lobo acata seu pedido. Correndo mata adentro, Fenina e a Onça avistam Pluma no cume de uma árvore se fartando de Licurí, a Onça se zanga e num rugido feroz indaga algumas palavras:
- Sua Arara tonta desce daí se não quiser virar meu lanchinho, preste atenção no que está fazendo!
A ave coitada leva um susto e despenca da árvore novamente, antes que pudesse tocar o chão ela levanta vôo e volta para sua missão. A Onça começa a gargalhar:
- Ha ha ha. E a Arara retruca:
- Você quer matar a Pluma é? E você o que tá oiando aí o gatinho?
Pluma se dirigiu a Fenina, a Onça Parda fica nervosa, se sentindo ofendida ela fica emburrada, enquanto isso Rói estava às margens do rio a espera dos outros animais. Em seguida começa aparecer bichos de todos os cantos juntos com Mateiro. A Capivara explica tudo a todos e pede a ajuda da multidão dizendo:
- Estão capiturando nossos familiares e derrubando nossas árvores, tem armadilhas por toda mata pantaneira, têm humanos caçando e pescando nossos amigos, invadiram nossa terra, devemos nos unir para salvar nossa casa, por hora, devemos nos dar uma trégua, não comeremos uns aos outros enquanto não pegarmos de volta o que é nosso por direito, somos animais e estamos na terra dos bichos do Pantanal, portanto, vamos nos unir, seremos uns pelos outros, vamos atacar e expulsar os invasores para pegar o que nos cabe.
A massa de bichos em peso vibrou com aquele discurso, enquanto isso vinha retorrnando Yacaré, Pluma, Onça e Fenina, todos bem informados, eles chegaram quase na mesma hora, menos a Onça, ela havia se atrasado um pouco para fazer uma boquinha como era de se esperar. Todos passaram as informações para Rói. Yacaré, depois de tirar uma piscina inflável do bolso enchido d’água e se jogado dentro, disse que os humanos estavam situados no final do rio, Pluma havia avistado pelo ar os acampamentos, a Onça e a Felina encontraram todas as armadilhas e as desarmaram. Rói sugeriu que todos os bichos fossem aos acampamentos para expulsar os invasores. Alguns pelo céu, muitos por terra e outros por água, eles foram cercando e invandindo cada acampamento, houve luta sangrenta. Pluma pelo ar liderava todos os pássaros, a Onça Pintada comandava o ataque por terra e Yacaré por água, muitos humanos morreram e muitos bichos também.
No meio daquela briga apareceram humanos que começaram a prender outros humanos, eram Guardas Florestais.
Os homens foram fugindo ou sendo presos e os bichos libertados, muitos animais morreram e por conta disso os humanos que estavam ajudando a afugentar os invasores e libertar os animais, transformaram a terra dos bichos do Pantanal em “Patrimônio Natural” todos os animais tiveram de volta sua terra.
Muitos bichos foram sacrificados por terem sofrido maus tratos por conta dos traficantes de animais, as madeiras que eram ilegais foram todas apreendidas e os criminosos humanos, presos e multados, a cadeia alimentar foi restaurada em nome do equilíbrio natural. Mateiro reencontrou muitos dos familiares, a Onça se divertiu bastante comendo os bichos que morreram, Yacaré encontrou finalmente a tranquilidade a paz e o sossego que ele sempre desejou, Fenina, enfim cresceu, tornou-se uma Onça Parda bonita e forte, Pluma, essa está desligada da vida comendo Licuri por entre as árvores, e quanto ao Rói, esse nunca mais teve medo de nada, corajoso que só, ele ganhou um Jacaré, duas Onças e um Lobo Guará para protegê-lo.
Os guardas florestais enterraram no Pantanal os homens mortos naquele confronto, para ficar na história, como um aviso dos animais para os humanos: Respeitem a natureza!
Os heróis citados nessa história serão para sempre lembrados, como heróis pantaneiros. Jovens bichos que para defender sua terra viriam a se tornar amigos, Yacaré, Mateiro, Onça, Fenina, Pluma e Rói, essa é sua turma, e esta é a sua casa, o Pantanal terra dos bichos, lar doce lar.
Fim

Autor: Dhione Tito dos Santos


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