Poemas : 

Escreve o que te ensinei

 
A caneta fina sem graça
Ensaiou na mão um espaço
E impôs na força do traço
Um roteiro moderno de carcaça

E vai que a tinta é vacilante
E com contorções espasmódicas mortais
Dobrará um leito pra chamar dois jornais
Escrevendo um novo adiante

Vale tudo em dia que o mundo cala
Tampas entregues às chamas da cera
Bocados de quatro duma pera
Cumprindo os ditames da grande escala

E tudo isto em tempo real
Satélites e radiodifusões aos molhos
Forçando as órbitas dos olhos
Que só na cor preta vêm o mal

Não jogues ao lixo o que te dei
Foi amor ao olhar e não profissão
Doei o meu traço à tua mão
Não esqueças aquilo que te ensinei

E quando tua voz de gato se afastar
E te julgares natural e uma força a mais
Perdoa-me se te falo dos teus pais
Mas há muito neles que emendar.

 
Autor
fcsguimaraes
 
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