Poemas : 

nem vem...

 
e, se acaso a vida vier
vazia de gestos,
ergo vestidos vermelhos
comprados antes do meio-dia.
O sapato diagonal
sabe o caminho bambo.

tomo chá... falo de absurdos
rouca de imperfeição

e, se acaso vier o destino
com qualquer conselho,
aviso. minha alma é torta.
cambaleio borboletas,
junto meus pedaços.

rezo mil Ave Marias
até virar uma santa.

cometo silêncios,
assovio um blues.

sigo a convalescer de alegria
em lençol de puro linho branco.

(só não barganho com destino).



Vania Lopez


Devo confessar que sou o contrário, meus passos seguem em contrário.
Sou uma pessoa inquieta, vou onde meu vento me leva. Artista Plástica e escritora, as vezes sem saber se pintoraqueescreve ou escritoraquepinta...
Procuro por algo, mas a intenção n...

 
Autor
Vania Lopez
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 30/10/2013 09:19  Atualizado: 30/10/2013 09:19
 Re: nem vem...
*escreves das múltiplas essências d'alma e pego-me diluída no teu verso.
Tão bom!
Beijoka*


Enviado por Tópico
Migueljaco
Publicado: 30/10/2013 13:49  Atualizado: 30/10/2013 13:49
Colaborador
Usuário desde: 23/06/2011
Localidade: Taubaté SP
Mensagens: 10200
 Re: nem vem...
Bom dia Vania, a vida é acima de tudo um ato institucional de auto resoluções, quando estamos dispostos a bancar qualquer desafio, tudo se faz menor que o transtorno causado pelo desalento, mesmo que para tanto sejamos esmagados pelo opressor, porem este terá que contentar-se sem ou vir o nosso grito de misericórdia, que para ele muitas vezes tem maior valor que o nosso cadáver estendido ao cão, parabéns pelo seu instigante poema, um grande abraço, MJ.


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 31/10/2013 09:03  Atualizado: 31/10/2013 09:03
 Re: nem vem...
A pluraridadedas das palavras encanta as magias do silêncio. Somente ele pode isso taduzir


Enviado por Tópico
Asnoréctico
Publicado: 03/11/2013 09:48  Atualizado: 03/11/2013 09:48
Da casa!
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 Re: nem vem...
Uma das muitas características positivas e brilhantes que a sua poesia abriga,é a facilidade que a sua alma tem de tornar a simplicidades das coisas que nos rodeiam, numa simbiose delicada e harmoniosa entre altivez dos sentimentos e micro hipersensibilidade das coisas supostamente banais, (“lençol de linho; o sapato diagonal; tomo chá e falo dos absurdos
rouca de imperfeição”).
Estas personificações que deliciam e cativam o imaginário do leitor…

Aproveitando a onda do seu poema,

Se acaso a sua poesia vier
ornamentada de ganchos
que prendem o cabelo das árvores ,
eu prometo que lhe coloco uma saia
acima dos joelhos dos seus troncos ,

Desculpa estava a tentar imitar a tua escrita, mas é impossível, a poetisa Vânia, é genuinamente única, a sua poesia é ímpar, a sua sensibilidade incomparável e como diz no seu perfil: -“Devo confessar que sou o contrário, meus passos seguem em contrário”.

Talvez queira dizer que sempre que o ponteiro pequeno do relógio volta ao mesmo local que estava, sua alma em arte, fica mais bela, nova, renovada e pura …

Um abraço e obrigado por partilhar…