Contos : 

FATALIDADE

 
FATALIDADE
 
Fatalidade

Sonhos...
Que instigante inspiração para contos e crônicas. Muitas vezes, sonhos meus e de minha filha Catarina, se tornaram isso.
Outro dia, ao acordar ela me contou mais um. Certamente que lhe disse, que o sonho se transformaria novamente em um conto, com minhas pinceladas de diálogos e continuação de onde tinha parado.
A minha criatividade, aliada ao enredo já estabelecido no sonho e pesquisa sobre temas que aparecem, sempre dá algum resultado...

Assim foi com outro conto que fiz há pouco tempo, sobre as amazonas.

Quem me acompanha, já deve ter lido:
http://fatuquinhaorganizaseular.blogs ... amazona-ou-valquiria.html

Se ainda não leu, use o link acima e dê uma passadinha para ter ideia do que falo.
Bem, vou fazer mais um em breve, sobre duas personagens que ainda não escolhi o nome para uma delas, pois isso, não aparecia no sonho de Catarina... Uma delas é RAYANA.
Aqui vai um breve texto sobre esse próximo conto:

Numa senzala, uma escrava relembrava o acontecido que a levara ao estado atual das coisas:
Estava com seu pescoço sangrando...
Ela e Rayana haviam brigado.
Tinham se apaixonado pelo mesmo homem.
A escrava, na sede de ficar com ele para si, ataca Rayana fatalmente.
Mas, antes que Rayana dê o último suspiro, dá um golpe certeiro com uma facada na garganta da escrava.
O que Rayana não sabia é que a escrava tinha um meio irmão da nobreza!

A escrava era filha bastarda de um grande senhor de terras, com sua mãe (que era considerada a mais bela entre todas as outras).
Ela gozava de certas regalias que as outras escravas não tinham e contava com a amizade fraterna de seu meio irmão, filho do conde.
Daí em diante, eu desenvolverei essa trama baseada no sonho de Catarina.
Mudando o que eu achar melhor.
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Fatalidade
Aqui vai o conto que fiz, com base no sonho que Catarina teve outro dia:

Rayana não sabia do amor que a escrava tinha por seu primo.
Quando descobriu, foi como se o mundo caísse sobre sua cabeça.
Afinal, Rayana nunca fora bela. A escrava sim.
Sabia que a escrava tinha regalias na senzala. Não sabia o porquê.
A mãe da escrava, a mulata Damiana, sempre foi a preferida do conde, seu tio.
Dizia-se 'a boca pequena' que Damiana era amante do conde, para tristeza de sua tia, Margarida...
Mas, nunca poderia imaginar que o carinho de seu primo Tadeu, pela escrava filha de Damiana, fosse despertar na escrava, um sentimento diferente...

A escrava Serafina, era mais clara do que sua mãe: Filha também do conde português, a mistura das duas raças, deu-lhe um tom de pele muito bonito, uma morena de cabelos longos, com ondas largas, que se perdiam sobre seus ombros.
Era cobiçada pelos olhares gulosos dos jovens escravos da fazenda. Mas sabiam que com ela não poderiam mexer: Era a filha do conde, ainda que bastarda!

No início, Serafina nada sabia do parentesco com Tadeu.
Damiana escondera da filha sua situação de bastarda.
Serafina perguntou muitas vezes para a mãe na adolescência, por que trabalhavam na casa grande como mucamas da senhora D. Margarida, e não como as outras escravas, na cozinha, ou na colheita do café.
A mãe limitava-se a dizer que o patrão era generoso para com elas. Isso, Serafina 'engolia' desconfiada...
Sabia que havia algo mais.
Já percebera o olhar que o conde enviava sempre para sua mãe. E o carinho que ele tinha consigo.
Sempre comprava boas roupas para ambas também.
O que despertava inveja das outras escravas da fazenda.

Entretanto, Serafina só soube da verdade quando ouviu da boca de Tadeu, que era seu meio irmão.
Ele já havia notado as insinuações para seu lado. Resolveu contar logo toda a verdade sobre seu parentesco, antes que ela pudesse ir além, em seus sentimentos.

Foi um choque! Saber que o homem por quem estava apaixonada, era seu meio irmão, a deixou por dias adoentada. O que nos dias de hoje, seria uma depressão.
Era fato: Sua mãe também confessou seu romance clandestino com o conde.
Serafina, triste pelos cantos do casarão e perguntada por Margarida o por que do choro, disse:

_ Então a senhora D. Margarida, não sabe que eu e Tadeu somos irmãos?
Margarida caiu em pranto também: Suas suspeitas eram agora confirmadas!
Rayana escutou tudo. Ficou feliz porque assim nunca seu primo Tadeu teria um romance com a escrava Serafina!

Seus pais até planejavam oferecer um belo dote ao rapaz, para que se casasse com ela.
Mas, Tadeu também não estava interessado em Rayana.
Disse-lhe com todas as letras:

_ Pare de juntar caraminholas nessa sua cabecinha, minha prima! Não quero nada com moça alguma! Sou um rapaz 'sensível', entende o que digo?

Rayana saiu correndo ao ouvir aquilo, mas ao encontrar a escrava Serafina saindo da senzala, onde fora levar comida para seu avô, ela a atacou ferozmente:
Rolaram no chão de terra batida e ninguém ousava separar as duas moças.
Toda raiva que Rayana estava sentindo pelo primo, descontava naquele momento, em Serafina!
A escrava para se defender, pegou uma peixeira e golpeou o ventre de Rayana.
Mas, Rayana conseguiu desarmá-la e pegando o facão, passou rapidamente pelo pescoço de Serafina, dando-lhe um corte fatal...

As duas moças caíram em agonia, uma olhando para outra...
Os pensamentos passaram como se fosse um raio, e os olhos de ambas se fecharam.

Tadeu correu ao saber o que estava havendo, mas já era tarde...
Jaziam ali, duas mulheres que estavam apaixonadas por ele.
E uma culpa sem ter, surgiu no mais íntimo de sua alma.

Muitas vezes palavras não devem ser ditas...

Fátima Abreu
 
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