Poemas : 

Sem destino aparente

 

A noite cerca-me e emudece,
a angustia parece que acende,
que prende, suspende e teima
ser crepúsculo de sombras,
numa ansiedade que queima.

Pelo breu, a voz da solidão
perdida entre os escombros…
E a escuridão imerge-me
açoite dorido no corpo
a tremer de inquietação.

Entre portas, me invento,
no fortuito mundo das palavras
e leio-me nas paredes, de silêncio cravadas…
Com todos os sonhos dentro!

Lá fora o luar perdeu o alento,
o vento fugidio, não chama por mim,
nem a chuva se abeira e me acalma…
Já nem sinto os aromas do velho jasmim!

Tão perto desta margem suplicante…
Tanto desejo adejante, tanto mar!
Tanto encanto vazio e por sonhar…

E eu, eterno navegante... Sem porto ou navio,
ao sabor ondulante do meu destino bravio!

(Rui Tojeira)

 
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Tojeira
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 07/02/2014 17:03  Atualizado: 07/02/2014 17:03
 Re: Sem destino aparente
Poeta,

Versos perfeitos e cadenciados!

Parabéns!

Obrigada por nos iluminar com este mimo!

Abraços,

Anggela


Enviado por Tópico
Jmattos
Publicado: 07/02/2014 17:09  Atualizado: 07/02/2014 17:09
Usuário desde: 03/09/2012
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Mensagens: 18124
 Re: Sem destino aparente
Belo poema! Parabéns pela inspiração!
Beijos!
Janna


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 09/02/2014 08:22  Atualizado: 09/02/2014 08:22
 Re: Sem destino aparente
E eu, navegante...Sem porto ou navio...
Entre portas, me invento
Tão perto desta margem suplicante...
Ao sabor ondulante do meu destino bravio!


Palavras que enfeitiçam os olhos.
São encantadoras.
Parabéns por esta linda construção poética.
Abraços


Enviado por Tópico
Manufernandes
Publicado: 09/02/2014 11:41  Atualizado: 09/02/2014 11:41
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Localidade: Lisboa
Mensagens: 3827
 Re: Sem destino aparente
Como das outras vezes

lindo e basta!
manu