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Cadernos III (Albert Camus)

 
Tags:  AjAraujo    poeta humanista  
 
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«Oh se soubésseis crianças
as trevas e o frio dos dias que hão-de vir.»


e ainda:
«Como é penoso andar por entre os homens,
Fingir ainda existir.»

e ainda:

«Somos todos infelizes. A nossa pátria preparou-nos um terreno para as paixões e os dissídios. Cada um de nós vive por trás de uma muralha da China desprezando-se mutuamente. Os nossos verdadeiros inimigos são os popes, a vodca, a coroa, os polícias, ocultando os seus rostos e excitando-nos uns contra os outros. Esforçar-me-ei por esquecer… todo este atoleiro para se chegar a ser um homem e não uma máquina de incubar o ódio…

… Só amo a arte, as crianças e a morte.»

Id. Perante a ignorância e o esgotamento dos pobres:

«O meu sangue gela de vergonha e de desespero. Só há vazio, maldade, cegueira, miséria. Só uma compaixão total pode produzir uma mudança… Reajo assim por que a minha consciência não está tranquila… Sei o que devo fazer: dar todo o meu dinheiro, pedir perdão a toda a gente, distribuir os meus bens, o meu vestuário… Mas não posso… não quero… »

«Ó minha querida, minha bem amada ralé!»

«O que está nos confins da arte não pode ser amado» e no entanto: «Nós morremos todos, mas a arte fica.»

Albert Camus, In: Cadernos III (Caderno no.6, abril 1948/Março 1931). Traduzido por António Ramos Rosa.
 
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AjAraujo
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