Poemas : 

Enquanto teu corpo se esconde tímido debaixo Do linho níveo que se desfez pela noite em dia

 
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Não te sei falar do sabor a mar da pele adormecida pelas espumas das ondas revoltas talvez sejam crinas de cavalos alados sopradas por ventos alísios ofegantes
Nem te saberei um dia explicar da companhia das aves nas direções longínquas do equinócio aflito sem distâncias morrendo em pleno voo (serão enterradas veladas nas nuvens quando todos os aviões pousarem em Terra?)
Não sei.

Sabê-lo-ei um dia ou noite quando o cheiro
Das orquídeas invadir o quarto vazio
Que me habita (que nos habita)
Resistindo aos ecos que as sombras cantam em silêncio
Talvez então seja escusado dir-me-ás por entre os brilhos
Purpúreos que o olhar absorveu.

Fumos incessantes deste incenso purificador ou Apaziguador
Enquanto teu corpo se esconde tímido debaixo
Do linho níveo que se desfez pela noite em dia

Nem sempre serão precisas palavras ou gestos
Sobrevivos a um tempo demasiado rápido enquanto
A voz declama um poema apressado símile à canção
Refreando os passos aprisionados
Antes ou depois aos mesmos caminhos.

Nem sempre se percebem as estrelas cadentes
Caindo no mar

Por vezes iluminam o horizonte
Transformando-o em chamas
Outras são leves tremores que anunciam
As manhãs infinitas.

I
Dessas palavras que rasgam poesia Desaparecem incólumes
Visões Sonhadores Navegadores
Das viagens que encontraram sargaços Cegam os olhos nos reflexos do mar
Esqueçam-se as memórias Esqueçam-se os naufrágios Esquecem-se as feridas
Das tatuagens escritas na pele por aquelas noites que em Dias se transformavam,
Revocavam-se alguns apelos gritos adormecidos sabiam-se infinitos.

Pede-se o cantar da cotovia
Que antecede primaveras e o mito do mar

O teu peito.



(Ricardo Pocinho)



"Floriram por engano as rosas bravas
No inverno:veio o vento desfolha las..."
(Camilo Pessanha)

http://ricardopocinho.blogspot.com/
ricardopocinho@hotmail.com

 
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Transversal
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 27/03/2014 13:59  Atualizado: 27/03/2014 13:59
 Re: Enquanto teu corpo se esconde tímido debaixo Do linho...
eu estou sem tempo, ricardo..
e isso parece-me qual um pecado, dispor de um tempo minímo que tenho, para tentar comentar essa página que vc apresenta.. acho que se eu falar que vc é isso ou aquilo, nada vai adiantar em relação à tua grandeza, mas..

ao teu poema..
aos teus indícios de paixão e saudade, e vezes então, até o próprio sentir das palavras que vc coloca aqui, exercem, sob qualquer ponto de vista, um fascínio pra quem gosta de ler..
pra quem gosta de ler algo de bom.
e, você cara..




..é um dos que salvam os olhos de quem procura poesia e virtude literária.
logo, um recado dos meus olhos a você:


- Obrigado!!


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 27/03/2014 19:05  Atualizado: 27/03/2014 19:05
 Re: Enquanto teu corpo se esconde tímido debaixo Do linho...
outro belo poema que cheira a maresia. parabéns, Ricardo.


Enviado por Tópico
Betha Mendonça
Publicado: 28/03/2014 02:10  Atualizado: 28/03/2014 02:10
Colaborador
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 Re: Enquanto teu corpo se esconde tímido debaixo Do linho...
Ricardo,
Em cada letra, palavra,verso,
beleza e eloquência
que emocionam ao leitor.
Aqui digo:
Obrigada por esse momento poético!
Abraço.


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 28/03/2014 15:25  Atualizado: 28/03/2014 15:28
 Re: Enquanto teu corpo se esconde tímido debaixo Do linho...
Nunca me canso de ler seus poemas, caro Poeta!

É sempre prazerosos viajar nas suas palavras...

As palavras que fluem como pássaros que migram , atravessam oceanos de polo a polo , guiadas pelo espirito mágico da beleza do próprio voo, refletindo nas águas sua liberdade, leveza e profundidade... viajei aqui , também!

Parabéns...sempre!

Um abraço,

ALICE


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 30/03/2014 21:29  Atualizado: 30/03/2014 21:29
 Re: Enquanto teu corpo se esconde tímido debaixo Do linho...
*arrasto meus olhos doirados pelas margens das incoerências desse mar de ilusões.

sei-me onda vacante no riscado da letra dorida. arrasto pés em pétalas de sangue.

são dores, são amores, são sonhos descoroados das quimeras sentidas nas horas masculinas desse querer soberano, veloz e vulcânico.

sabemos na pele, o mito do mar, das escusas proferidas pelo rumorejar das águas tantas.

risco teu nome do umbral prateado que erigi no céu da minha fronte.

pois perdição é linha sem verbo, assim como etéreo nosso sentir escorre na astucia dolente de um verso renitente.

arrasto, arrasto meus beijos de maresia e enterro no areal a minha súplica tardia.

singro na voz que me mareia e traço um ponto final nas reticências da minha vida.

o azul sempre me sabe, mesmo que o verde me queira, sopro ou ventania, onda ou apenas tua sinfonia.

arrasto-me, pois estás longe... imerso em poesia.

Karinna*


Beijoka*


Enviado por Tópico
Vania Lopez
Publicado: 01/04/2014 06:26  Atualizado: 01/04/2014 06:26
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 Re: Enquanto teu corpo se esconde tímido debaixo Do linho...
diante de versos, diante da vida.
quero embriagar-me de poesia na luz dos tempos.
cegando-me sem vento ou oração.
se ainda posso agradecer... bjs


Enviado por Tópico
Jmattos
Publicado: 08/04/2014 02:19  Atualizado: 08/04/2014 02:19
Usuário desde: 03/09/2012
Localidade:
Mensagens: 18124
 Re: Enquanto teu corpo se esconde tímido debaixo Do linho...
Parabéns Ricardo!
Poema belíssimo, inspirador! Adorei a leitura!
Beijos!
Janna


Enviado por Tópico
RayNascimento
Publicado: 11/04/2014 19:31  Atualizado: 02/11/2014 14:58
Membro de honra
Usuário desde: 13/03/2012
Localidade: Monte Roraima - tríade fronteira Brasil/Guyana Inglesa/Venezuela - - Amazônia - Brasil
Mensagens: 6541
 Re: Enquanto teu corpo se esconde tímido debaixo Do linho...
...
Entre os dedos
As areia do deserto teu
Nas fontes ávidas do querer.

Ray Nascimento

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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 11/04/2014 19:36  Atualizado: 11/04/2014 19:36
 Re: Enquanto teu corpo se esconde tímido debaixo Do linho...
A suavidades das palavras se falam no silêncio dessa linda ternura. Quanta maravilha nesse encanto de poema