Crónicas : 

Cuidado ao parar o elevador

 
Sou leitor ávido e curioso sobre montes de tijolos quebrados. Dormir minhas santas noites, exalando vez em quando um ou outro gemido involuntário não é vergonha nenhuma. O forno vazio não traz conforto a ninguém, todos sabem. Tudo pode estar em chamas ornadas de plumas pretas, sem que eles se levantem em toda altura. Pode a cabeça até tocar as estrelas, cabelos desgrenhados, a cauda pesada ao longo da grama e dos sulcos de campo aráveis.
Que se mantenham os pássaros nos ninhos. O rio saiu ileso, calmo fluiu sobre a pedras do fundo, meio encoberto peça cerração deste período do ano. Rodou e rodou, passou o salgueiro dependurado na pedra, fumou um Vogue aumentando a névoa da neblina gasosa. Verdade! Nos jardins do chão carbonizado, nem todo o ramo ou tronco virou cinzas ou fragmentos de vidro quebrado quando esmagado pelo fogo.
Porém, esqueça tudo o que já disse sobre o assunto. Tudo foi filmado durante a fuga, escondendo no buraco negro o que jazia na neve,
nesta mesma terra, de volta para o rio barulhento, mas desta vez de frente para o inimigo. Não pare o elevador longe do meio fio, ao lado da pilha de entulho. Pode ser perigoso quando há na rua casa de dois andares de idade sendo visitadas pelos agentes sanitários.


in As palavras desconstruídas - Filampos Kanoziro


 
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FilamposKanoziro
 
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