Um grão de areia maldito bamboleando na peneira;
Um látex bendito cicatriza a ferida da seringueira;
Num peito não dito a dor é meeira, arteira, violeira;
Cato um poema escrito rasgado e jogado na lixeira.
A felicidade é uma menina, tem gosto de mamadeira
E o amor uma esquina onde escorre e se poda a videira,
A dama louca de purpurina se esconde na dor por inteira
Onde a musica é a retina que eterniza a velha timoneira
Sonhar no arenito, se embriagar na salina da velha pedreira
Sagrado o granito da manhã cristalina, querida mangueira
Desatino estrito que ao me tocar desafina na fria soleira
Montar a pelo desatina o que já foi predito no colo da cavaleira
Toda dor é divina, marcada a ferro e fogo rescritos perto da beira
Incendeia a lamparina latina na cor do infinito, tão longa ladeira
José Veríssimo
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