Já é tarde.
Repousa em águas macias
O astro-rei.
Sobe a lua debutante
Em primícias nupciais.
Um cortejo de estrelas
Cintilam no céu celestial.
Aves dormitam nos galhos.
Os seres noturnos despertados estão.
Aqui e acolá um ulular de pássaros
O calor eclode alguns ovinhos
Onde pululam nocivos e notívagos insetos.
Atrás de uma moita um casal
De mamíferos copula ferozmente.
Sementes caem nas águas do riacho
Alguns peixes roçam a superfície
Na espera do alimento nutritivo.
Mais ao fundo da floresta:
O vento zombeteiro passa entre eucaliptos
E uma canção sinistra toca por toda a madrugada.
O silêncio da noite é quebrado pela fala dos grilos,
Pelo coxear de sapos que buscam namoradas
Nas margens iluminadas pelos pirilampos.
A mudez das coisas se rompe com o quebrar
De pequenos gravetos causado pelas patas
De uma jaguatirica que busca o que comer
Para suas crias recém-nascidas.
Ali uma serpente desliza entra a folhagem ferrugem.
Uma nuvem cobre a lua que reina no centro do céu.
Lá longe uma rola arrulha uma canção de amor.
Mais longe uma cachoeira abala toda a várzea.
A noite escura com todos os seus encantos.
Na madrugada fria uma brisa quase sorri
Quando beija as pedras porosas das montanhas.
Lentamente vão se apagando as estrelas uma a uma.
No nascente alguns tons rubros teimam em aparecer.
A Aurora com seus dedos rosas descortina o novo dia
Que sempre há de nascer.
Poema sem rimas:
Fim da noite fria.
Gyl Ferrys