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PESAR, VENTURA E CASTIGO

 
PESAR, VENTURA E CASTIGO

humano tem razoes
Que às vezes não se podem entender.
Caprichos tolos, loucas ambições,
Orgulhos impossíveis de vencer…

Ferozes lutas, grandes vendavais,
Necessidade imensa de gritar;
Confusos, não podendo aguentar mais,
Damos um passo em falso, ao vacilar…

Causar torturas, dor a quem nos ama,
Sem termos culpa desse mal pungente,
É tentar apagar a doce chama,
Que se mantém bem firme, e sempre ardente…

Nunca ninguém gostos tanto de mim,
Reconheço, esmagado pela dor.
De olhos vendados, fui ao teu jardim,
Porém encontrei lá… mais uma flor…

Como esta me sorriu, sem protestar,
Colhi-a, enfeitiçado, na verdade!
Fez-se depois rogada; e eu, sem cessar,
Procuro conquistar sua amizade…

Porque seria ela a preferida,
Se te encontrei a ti, primeiramente?
Para que rejeitei a tua vida,
Se tu me a davas, tão alegremente?!...

Não tinhas para mim menos valor;
E não duvides disto, que é verdade.
Muita doçura havia em teu amor,
Mas eu… pouco mais tinha, que amizade!

Sofrias muito, ao ver-me vacilar,
Mas sabes bem que nada te pedia!
Se eue hesitava assim em não te amar,
Era só porque mal te conhecia…

Uma consolação me resta, agora:
Fui sempre muito franco, para ti!
Porque deixar de sê-lo, nesta hora?
Com o meu proceder, também sofri!

Além do grande amor que me tiveste,
Há também entre nós compreensão!
Se por mim algo amargo padeceste,
Sei que não fui culpado; crê que não!

Eu também sofro, ao ver-te lacrimosa,
Mas não me acusarás de falsidade!
Sabes que a vida é muito caprichosa,
E temi não te dar felicidade!

Sentia-me envolvido pelo manto
Daquele ardente amor que me juravas!
Vias em mim um homem com encanto,
Capaz de dar-te o lar que ambicionavas!

Pelo que tens sofrido, nesta vida,
És digna de respeito e admiração.
Lutando ainda, embora enfraquecida,
Naufragas, procurando a salvação.

Sozinha, a tua dor é bem maior,
Pois nem junto do teus te compreendem.
Quezilada, por tanto dissabor,
Vais perdoando sempre aos que te ofendem…

Contudo nem por isso a tua sorte
Tem melhorado um pouco, infelizmente!
Deus queira que haja alguém que te conforte,
E te faça feliz, eternamente!

Naquela altura, não gostei de ti,
Ou fingi não gostar, talvez assim…
Hoje, porém, direi que te perdi,
Porque outro alguém te aproximou de mim…

Dar-nos-íamos bem, tenho a certeza,
Se eu não deitasse fora o que foi meu!
Deixar teu coração, não foi vileza:
Veio um feroz orgulho, e me venceu!

Mas agora, quiçá? Terá chegado
A hora que desejas, com fervor:
Suponho que o teu príncipe encantado
Vem finalmente dar-te o seu amor!

Esse que te pediu o coração,
Jura-te amor, carinho e muito mais.
Que Deus vos abençoe, nessa união,
Dando-vos tudo quanto desejais!

Tem cuidado, porém, com as promessas,
E não leves a mal o que te digo.
Se te aconselho, enfim, temendo as pressas,
É porque serei sempre teu amigo!

E mais que amigo eu era, jóia linda,
Pois foram também meus teus lindos sonhos!
O fel que ambos sorvemos, dor infinda,
Sepulcros fez de nós, vivos, medonhos!...

Agora o nosso idílio terminou:
Conserva as cinzas dele, sim, querida!?
Sei bem que para ti já nada sou:
Porém podes dispor da minha vida!

E pronto: só nos resta uma amizade
Que, se for franca, sempre ficará!
Já não nos pertencemos, é verdade!
O futuro… só Deus conhecerá…

Felicidade, ou grandes sofrimentos…
Que haverá, reservado para nós?!
Bem dolorosos são meus pensamentos,
Num misto de prazer e dor atroz!

Sinto pesar do mal que já te fiz;
Porém, se ele te amar, terei ventura!
Castigo meu: jamais serei feliz,
Remorso involuntário me tortura!...

 
Autor
FRANCISCO QUARTA
 
Texto
Data
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1873
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Enviado por Tópico
De Moura
Publicado: 23/01/2008 01:12  Atualizado: 23/01/2008 01:12
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 Re: PESAR, VENTURA E CASTIGO/ P Francisco Quarta
Olá Francisco,

Quanta dor senti ao ler este seu poema...

O amor perdido... que nunca pode ser seu...

Estou certa ou não???

Um beijo e tudo de bom para si, Alcina