; levanto-me da terra que me aquiesce

É
Acredito que poucos são os portugueses (as) nascidos (as), arriscaria até à Expo 98, que não conhecem esses versos da poetisa Heloísa Cid (até fui confirmar o nome e tudo)
"Com três letrinhas apenas
Se escreve a Palavra Mãe
É das palavras mais pequenas
A maior que o Mundo tem", pela força sentimental que tem associando-nos de imediato à imagem da nossa Mãe, podendo ir mais longe, às aparições de Fátima, a mãe Nossa Senhora de Fátima, e porque era rara a casa portuguesa que não tivesse um azulejo, um quadro, fosse lá o que fosse com esses versos, e claro a imagem da Última Ceia. (mesmo os anarquistas, os comunistas, os revolucionários, etc)
E o sentimento que tiveste Poetisa, eu também o senti ao ler-te, apesar da minha mãe ainda ser viva.
Pessoa escreveu sobre “O menino de sua mãe” que as balas trespassaram
Ou
“Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!”.
Ou
A Mãe como um dos temas centrais da Poesia de um ilhéu, este do Funchal, o maior poeta vivo da Língua Portuguesa,Herberto Helder;
Fonte - I

Ela é a fonte. Eu posso saber que é
a grande fonte
em que todos pensaram. Quando no campo
se procurava o trevo, ou em silêncio
se esperava a noite,
ou se ouvia algures na paz da terra
o urdir do tempo ---
cada um pensava na fonte. Era um manar
secreto e pacífico.
Uma coisa milagrosa que acontecia
ocultamente.

Ninguém falava dela, porque
era imensa. Mas todos a sabiam
como a teta. Como o odre.
Algo sorria dentro de nós.

Minhas irmãs faziam-se mulheres
suavemente. Meu pai lia.
Sorria dentro de mim uma aceitação
do trevo, uma descoberta muito casta.
Era a fonte.

Eu amava-a dolorosa e tranquilamente.
A lua formava-se
com uma ponta subtil de ferocidade,
e a maçã tomava um princípio
de esplendor.

Hoje o sexo desenhou-se. O pensamento
perdeu-se e renasceu.
Hoje sei permanentemente que ela
é a fonte.

Olha o que me arranjaste Poetisa... com três letrinhas apenas (rs).
Sabes confidencio-te o meu humilde texto tinha duas mães, uma a minha Mãe outra a minha filha Rita, mãe. Quero agradecer-te Poetisa Luzia, esta é a partilha que o Luso deveria sempre ter entre os que se arriscam a escrever e os que se arriscam a ler. Verdade.
Agradeço-te profundamente

Onde um dia sentimos um leve tremor esperando o nascer da primavera
Dos pássaros errantes de cansados

Saber-te-ei pelo doce ocidente dos areais banhados de Safiras azuis sorrindo-me agora.

Que assim seja sempre o poema
um nascer constante mesmo que depois o percamos de vista, deixe simplesmente de ser só nosso. Obrigado Poetisa Ray

memória nessas formas fundamentais
que se sossegam, liberta-se a Vénus da beleza endeusada,
inexistente.

dilacere-se a tela, que apodreça num deserto de sal
que se desfaça fúnebre,
purifique-se, putrefaça-se. Obrigado poeta martims.

Sombras inquietas que se agregam
como colmeias,
formam buracos negros, aqui, ali, mãe
Relembro o som do piano ressoando pela noite dos olhares
Chamas clamando por sóis e luas.

Nenhum olhar prende a ansiedade
Do próprio movimento

Como um vento
Que empurra

Mais além. Obrigado Poeta